Crítica Libertária

Sobre críticos e libertários, ler abaixo... Aqueles serão os significados dessas palavras neste espaço de discussão, cooperação e diversão... (por quê, não?)

Crítico

O crítico não é um operador, mas um revisor. E é este o domínio que interessa ao indivíduo, quer seja ou não estudioso ou filósofo, que opte por uma postura crítica. Defendo que a crítica não deve limitar-se às produções estéticas humanas porém, mais do que à generalidade do agir, aplicar-se à própria "percepção" de "mundo", organizada a partir da "leitura" racional.

Libertário

Libertário, segundo definições de dicionário, pode ser compreendido como aquele que se inspira em doutrinas preconizadoras da liberdade "absoluta". Liberais, valorizam, acima de tudo, a liberdade. Isso inclui suas conseqüências para o "bem" ou para o "mal". Bem e mal são conceitos controversos, entretanto suponhamos que o cerceamento de liberdade - tido como um bem - pelos liberais seja um mal. Disso conclui-se que minha liberdade não pode atentar contra a liberdade de outro; portanto, não existe liberdade absoluta. Por outro lado, quanto mais houver liberdade, mais se acentuarão as diferenças. Já os libertinos dos séculos XVI e XVII caracterizaram-se pela liberdade de pensar, tratando das questões humanas sem se curvar a dogmas religiosos ou preceitos morais. Libertário, aqui, significará, particularmente, aquele que defende a liberdade -amíude, a de crítica - que impossível de ser absoluta - ad infinitum - que o seja enquanto dure...

Quem sou eu

Uma entidade difícil de definir pelo formalismo lingüístico. Entretanto, enquanto sujeito, defendo a liberdade de crítica e pratico a crítica da liberdade. Conseqüência: caminhar sobre o "fio da navalha" buscando o equilíbrio entre a transgressão e a disciplina, entre o rigor e a suavidade; tendo como "sol", a iluminar-me e a apontar-me o horizonte, a emancipação conferida pela reflexão ética e como forma primeira de expressão: a poesia.

Uma tarde em L. da Conceição...

Uma tarde em L. da Conceição...

Contato

tellessr.2016@gmail.com

AFORISMOS

"A verdadeira máxima do homem-massa é esta: sei que sou um verme, mas todo mundo é..." (Émile Zola)

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" (Antoine de Saint-Exupéry ).

"Vivemos, num lusco-fusco da consciência, nunca certos com o que somos ou com o que nos supomos ser" (Fernando Pessoa).

DESTAQUE

Navegar é Preciso Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpoe a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

O Amor

Helena Antoun
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Se fôssemos entrevistar cada uma de todas as pessoas que habitam este planeta, para saber o que elas pensam a respeito do amor e, mais especificamente, saber o que representa para elas o amor, por certo encontraríamos tantas respostas quantas fossem as pessoas entrevistadas.
Provavelmente, na maioria encontraríamos um amor complexo, sublime, perfeito, supremo, inatingível, inalcançável...
Tudo isso na vã tentativa de fazer do amor algo tão distante, tão irreal, que seria perfeitamente admissível que a natureza humana, tão falha, não pudesse alcançá-lo.
Mas o amor é uma coisa simples, é muito simples, é tão simples que não precisa ser definido, e sim, sentido e vivido.
Não estamos aqui a falar do amor entre o homem e a mulher, nem do amor maternal, nem do amor religioso. Falamos do amor do elemento humano por ele mesmo e, conseqüentemente, por outro elemento humano.
Aquele amor que “pede” o envolvimento do indivíduo com seu semelhante. Aquele amor que “faz ver” o outro, que “faz respeitar” o outro, que “faz a cumplicidade” com o outro.
Mas é justamente desse amor que todos fugimos...
Do amor que liberta e ao mesmo tempo une, cria laços, mas não cria amarras...
Mas parece que o medo que se tem de amar é esse medo da liberdade.
Talvez o Homem não saiba gozar do prazer de ser livre, apenas, sonhar com ele.
Nossa! Como eu desejo que a humanidade se ame mais. Mas se ame tanto que faça do amor uma coisa tão natural, que não careça nunca mais de definição.
Quem sabe assim, a evolução possa se processar em marcha progressiva, segura e tranquila para o nosso planeta?

Publicado no Recanto das Letras (http://www.recantodasletras.net/)
Em 27/07/2007
Código do texto: T581247

Observações sobre o comentário acerca de "Estética e Ética - Racismo"

HTSR
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Comentou “Ninguém”, acerca da postagem “Estética e Ética - Racismo”, sobre Stiviandra Oliveira, Miss Angola: “Na minha opinião, ela fazendo por ser uma pessoa de determido país, tendo contribuido tanto cultural quanto social, e ela não sendo, digamos, uma "inglesa" ela pode representar esse pais. Acho que isso depende muito mais da postura social dela do que sua cor de pele.”
Meu texto, como indica o título, “debruçou-se” mais sobre a relevância estética de minorias ou maiorias para a representatividade, além das fronteiras, de um dado país, baseada na diversidade étnica na qual se erige sua população. Não obstante, meu prezado interlocutor trouxe elementos importantes que complementam essa questão. Como já sabem, os iniciados em filosofia, estética e ética andam a par. Isso nos faz considerar outros argumentos falaciosos que buscam fundamentar a representatividade não só em elementos estéticos mas “geográfico-cêntricos”. Desse modo, a “identidade” cultural é arbitráriamente sufocada em nome de registros “jurídico-burocráticos”. Na continuidade, a participação é negada e, com isso, a integração, o auto-desenvolvimento e a contribuição no progresso social. A aberração opressora é percebida na citação do interlocutor: “Aqui em Desterro uma professora disse que eu não podia intervir em problemas da cidade, principalmente os culturais como resgate (...), pelo fato d'eu ter nascido em São Paulo mesmo que eu tenha sido criado aqui. Pois bem, idiota é eu ficar sendo "paulista" e me precupar em fazer algo para/em são paulo, sendo que a única ligação que eu tenho com a cidade são uns parentes e letrinhas no meu RG.” Fecho minha observação, acerca desse comentário, com a citação de outro interlocutor, no blog “Idéias Fixas 2” (http://ideiasfixas2.blogs.sapo.pt/34220.html), acerca da controvérsia “Stiviandra Oliveira”. Coloca, esse mesmo indivíduo, que “seja a cor de pele, seja a religião ou a origem de uma pessoa”, tais acidentes, características ou opções “não lhe deve colocar uma marca na testa assinalando-o como amigo ou inimigo”. Os humanos, de modo geral, estão mais propensos a inventar mesquinharias de toda sorte, e desenvolver argumentos visando sua pseudo-fundamentação, do que se dedicar à reflexão crítica e empreender esforços pragmáticos, no sentido do aprimoramento ético da espécie.

domingo, 30 de novembro de 2008

Acerca do Homem - I

Silvia Miranda Boaventura
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A ilusão ideológica confunde o universal com o particular distorcendo a compreensão da realidade, em uma sociedade em que o homem ainda não promoveu a sua libertação como indivíduo - o que significa a junção das suas singularidades com as características comuns à totalidade do gênero humano -, os homens não atuam juntos nem reconhecem a interdependência entre eles e culminam por se pensar fora da história.

domingo, 23 de novembro de 2008

Estética e Ética - Racismo


Miss Angola 2006
HTSR
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Segundo o site Centro de Mídia Independente
[1], Stiviandra Oliveira, Miss Angola, foi "vetada" pelo poder político angolano e não pode seguir para os EUA em Julho de 2006 para eleição de “Miss Universo”. A razão do poder político angolano para o "veto" é de que a Stiviandra seria demasiado clara para poder representar a mulher angolana. Segundo o jornal AngoNotícias o motivo é a idade (18 anos). Sendo ou não verídica a desculpa apresentada pelo Sr. José Carlos, vice-presidente do Comitê Miss Angola, as manifestações, tanto dentro como fora de Angola incentivam à reflexão. Há de se entender, em primeiro lugar, que raças humanas não existem. Este é um conceito obsoleto. O que hoje é cientificamente aceito é que existe apenas uma raça e trabalha-se com conceito de etnias. Quando se fala em representar um país, seja em atividades esportivas, acadêmicas, culturais ou tecnológicas, geralmente a etnia é um detalhe irrelevante. Agora, quando a questão é estética, ela assume uma outra dimensão, e infelizmente, se confunde "alho com bugalho". Concordo com o posicionamento que defende a idéia de que se uma pessoa nasce em um certo país, então, pertence as etnias que compõem esse local, quer seja a sua dominante ou não. É uma hipocrisia concordar que em países cuja a maioria é oriunda de outras paragens seus representantes não possam ser pessoas que pertençam a essa maioria. Se assim fosse, no Brasil, deveríamos ser representados, apenas, por pessoas das diversas etnias indígenas ao invés de loiras teutônicas. Contudo, defendo que tanto umas como as outras têm o direito de nos representar pois, gostando ou não, somos uma nação de pluralidade étnica. Tanto as etnias majoritárias como as minoritárias, quer nativas ou de imigrantes, acabam por constituir o que se entenderia por uma nação, cujos membros, estabelecidos em um território, acabam por estabelecer laços históricos, culturais, econômicos e lingüísticos, entre outros, confundindo-se este amálgama, em um certo tempo, com o próprio conceito de etnia stricto sensu. Tal percepção parece começar a ocorrer em diversos países no mundo.
Em 2005, Asli Bayram, estudante de origem turca, representou a Alemanha no famigerado concurso de beleza feminina internacional.

Asli Bayram

Em 2008, Maria Sten-Knudsen - desagradando muitos entusiastas da alvura nórdica, com seus loiros cabelos e olhos claros - foi eleita Miss Dinamarca. Knudsen, tem “raízes” negras.

Maria Sten-Knudsen

A mesma decepção devem ter tido os fãns da “negritude” quando Megan Coleman, atrelada a estética européia, representou, como Miss, a África do Sul em 2007.

Megan Coleman

Se minorias não têm o direito a representar a terra onde nasceram e vivem, ninguém deverá estranhar se uma sioux, cherokee, yanomami ou guarani for impedida de representar os Estados Unidos, Brasil ou Paraguai ou, ainda, por outro lado, o estranhamento já deveria estar ocorrendo, há muito tempo, por não se verificar serem precisamente estas - as que estariam incubidas, histórica e presentemente, da "missão" de representar tais países - os ícones enviados aos encontros mundiais de estética.
Os exemplos trazidos a este texto apontam para uma aplaudível tendência a aceitação da biodiversidade, da convivência com o “diferente” em situação de “igualdade”, ao menos de representação estética de um país, que é o que se discute aqui. Se essa "lógica" (a da maioria prevalecer), acaba por se negar o direito de existência das minorias (entendendo existência não apenas como vida biológica). Ora, tal negativa incide diretamente na violação de princípios de justiça básicos e reconhecidos pela maioria dos Estados (ditos civilizados) como, por exemplo, o tão difundido princípio de "igualdade" e constitui, sim, a base da ideologia "racista", que nega a diversidade e apregoa, intolerantemente, o predominio de um certo grupo étnico sobre os demais, com justificativas estaparfúdias. Para quem defendeu a "corretude" do poder político angolano e a "naturalidade" que "alicerça" a decisão ou que, ainda, discorde por motivos “naturalistas” que Asli Bayram, Maria Sten-Knudsen e Megan Coleman possam representar Alemanha, Dinamarca e África do Sul, respectivamente, deveria, idem, achar muito "natural" que o poder político da Inglaterra barrasse a participação de Lewis Hamilton no campeonato mundial de F1, pois este não "representaria" a maioria do povo inglês, como, do mesmo modo, Barack Obama não representa, etnicamente, a maioria dos estadunidenses, entretanto lhes é o presidente. Nos casos, analisados as moças estão representando seus paises em um concurso estético que pretende respeitar a biodiversidade. Se essas pessoas não têm o direito de serem consideradas alemãs, dinamarquesas ou angolanas, porque teriam esse direito os descendentes de ingleses e irlandeses de serem chamados de “norte-americanos”? Ou os inúmeros descentes de alemães, italianos, poloneses, africanos, etc de serem denominados “brasileiros”? Eis aqui a questão ética. Pode-se até criticar o que seja beleza ou estética e, ainda, a eticidade dos critérios adotados para que se promova a eqüidade entre características tão distintas em um encontro universal como este. Mas o concurso não é de Miss Negra ou Miss Branca ou Miss Azul. Se fosse, teria sentido em se barrar alguém de cor rosa, verde ou qualquer outra que não fosse a do concurso em questão.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Acerca do ciúme, intolerância e violência

HTSR
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Essa enfermidade a que os amantes chamam de ciúme e a que melhor chamariam desespero raivoso tem por componentes a inveja e o menosprezo. Quando tal enfermidade domina a alma enamorada, não existe ponderação que a sossegue nem remédio que a possa curar.
Miguel de Cervantes


Amor é um assunto mais do que vasto e polêmico para ser discutido aqui. A amplitude do que pode ser dissertado vai desde opiniões estritamente pessoais e crenças populares - sem preocupações de fundamentação argumentativa -, dogmas religiosos, culturais e imposições de mídia com fins de mercado até a rigorosa “dissecação” filosófica do que se pretende descrever com o têrmo. Não pretendo, diante do “multi-embasamento” de abordagem, me aventurar a experimentar cada “ponto de partida” na tênue esperança por um “esclarecimento” que agrade a “gregos e troianos”. Antes, pelo contrário, sem qualquer desejo de ser popular, me disponho a questionar, a partir do menos comum, os mais vulgares falatórios acerca do tema pois o resultado dessa produção discursiva é o que orienta o enredo desta dissertação.
Para a filosofia, a representação dum objeto pelo pensamento é o que nominamos de conceito. É consenso, nesse círculo da atividade cognitiva humana, a impossibilidade da representação de conceitos absolutos. Podemos discorrer acerca de objetos passíveis de experiência possível. Ou seja: que podem se manifestar no tempo e no espaço; passíveis, portanto, de apreensão direta, imediata e atual de sua realidade individual, por meio da intuição sensível e segundo as leis do entendimento válidas, ao menos, para a nossa espécie. O vocábulo fenômeno à isso se refere. Em oposição a este, temos o númeno, que diz respeito ao objeto inteligível, em oposição aquele que se conhece conforme anteriormente descrito.[1] À essa categoria se inclui o conceito de amor, posto sua inapreensibilidade. A psicologia o estuda como fenômeno “comportamental”, portanto, refere-se a um conjunto de reações observáveis num indivíduo, relativizado a circunstâncias diversas, como ambientais, fisiológicas, culturais, etc. Contudo, toda a ação humana, pode ser adjetivada de virtuosa ou viciosa. Os estudiosos da ética entendem a virtude como a disposição firme e constante para a prática do bem – cujo conceito varia conforme a escola ética – e aceitam o amor, não apenas como virtude, mas como a qualidade que agrega uma série de outras características como sendo da mesma natureza, tais como paciência, justiça, gratidão, etc. À estas podem ser opostas outras tantas, tidas como vícios, tais como ódio, inveja, ganância, ciúme, etc.
No campo comportamental o ciúme tem se mostrado atrelado a profundos sentimentos de insegurança e desconfiança por parte de quem o possui. Isso gera desconforto e angústia não somente para o próprio sujeito mas, também, para o(s) que são objeto desta emoção. Tais aflições podem atualizar, na “vítima” do ciúme, comportamentos afirmativos das fantasias negativas que existiriam, em potência, na imaginação da pessoa enciumada. Pesquisas demonstraram que quanto mais ciúme se sente em relação ao parceiro (em uma relação dita amorosa, por exemplo) mais chances há deste parceiro se envolver com outra pessoa.
“Esse fenômeno, chamado ‘profecia auto-realizadora’, (...) relaciona o ciúme à infidelidade afirmando que o conjunto de crenças ciumentas que se tem a respeito do outro, quando em nível elevado, pode incentivar a outra pessoa a se engajar em comportamentos relacionados à infidelidade pois, sutilmente, essas expectativas de traição são comunicadas a ela.” Isso condiz com a conclusão que caracteriza como mito a afirmação de que a culpa da infidelidade é do traído, por não satisfazer o parceiro. “A ausência (física ou de apoio psicológico) do outro parceiro e a busca pela “novidade” apenas potencializam a traição”.[2]
Relacionamentos entre pessoas encerram em si alguma idéia de “contrato”. Este pode ser mais ou menos explícito, guardando distintos níveis de complexidade. Com pessoas inseguras é mais provável a ocorrência de maior falta de clareza desses contratos, onde diversos itens ficam “subentendidos”, inviabilizando, a partir de um consenso dialógico, uma eqüidade nas atitudes dos envolvidos.
Nem toda relação, ainda que única, tem que, necessariamente, ser excludente de outras. Contudo, compromissos assumidos devem ser honrados. Os que prometem exclusividade em determinadas parcerias como, por exemplo, sexual, devem arcar com as responsabilidades dessa promessa. Promessa essa que não é condição sine qua non para uma relação conjugal.[3] A exclusividade sexual - posto que não é o único[4] objeto de fidelidade que há ou possa haver - será condição ou componente de uma relação, desde que assim tenha sido acordado explicitamente entre as partes.[5]
O que ocorre na maioria dos relacionamentos é que a própria idéia acerca dos sentimentos que unem as pessoas em torno de um “contrato” e os detalhes acerca do mesmo não são discutidos e esclarecidos, quanto mais acordados. Prevalece uma passionalidade desregrada em uma relação de base imatura e acrítica, idealizada individual e privadamente por cada uma das partes. Cobranças descabidas originam-se, assim, de expectativas frustradas, ainda que injustificadas. Desse modo, infidelidade, por maiores que sejam as reações "emocionalóides" e a hipócrita crítica social, é uma ocorrência oriunda de falta de entendimento ou quebra de contrato. Tanto para uma como para outra coisa a clareza é fundamental. As “penas” para as faltas contratuais devem, igualmente, ser claras e mutuamente acordadas.
Todo contrato firmado em sociedade não pode infringir o que é disposto em lei, o mesmo se dando para certas crenças e costumes. Assim, oficialmente, infidelidade não é crime. Pode, até, ser motivo para dissolução da sociedade conjugal, por quebra de contrato, contudo as punições previstas entre as partes, homologadas ou não, estão impossibilitadas de contrariar leis estabelecidas. Assim, destruição de propriedade alheia, agressões e assassinatos não são penas, amparadas juridicamente, para quebra do tipo de contrato em questão. Incorrerão, se cometidos, em crimes, previamente caracterizados na forma da lei.
A intolerância acerca de percepções distintas acerca de contratos mal firmados ou, ainda, para com as faltas, cujas compensações não foram bem designadas ou, sequer, estabelecidas, leva à violência desnecessária e injustificável a nível lógico e racional. Todos os esforços, quase teatrais, por parte de advogados e psicólogos, para justificar e/ou explicar tal comportamento, têm por base argumentos falaciosos e a jurisprudência formada tende a desconsiderá-los. Assim, o "infrator" - ajustado ou não na cultura - pode processar o desajustado[6] por percas e danos (mensuralvelmente comprováveis). A outra parte pode dar o "troco" exigindo compensações por perdas e danos "morais"[7] Ora, o primeiro, também, pode retrucar com outra ação igual, alegando que não consegue mais dormir, abalado que ficou pelo ato violento e temendo novas represálias. Ela (se for o caso e tiver filhos) vai exigir o máximo de pensão. E, no fim das contas desse "ping-pong" pseudo sentimental - pois tem mais de insanidade do que passionalidade (o que já não é bom) - tudo se resume a uma questão pecuniária.
[1] O que Kant denomina objeto, “se restringe a um grupo de noções, semelhante às categorias aristotélicas; tais noções dizem respeito à constituição estrutural do objeto, e por isso se predicam como conceitos que dizem algo do objeto como em si mesmo é. As noções pertencem á área do ‘entendimento’, na qual, segundo Kant, são formas a priori, com as quais o objeto é construído”. (PAULI, Evaldo, Tratado do Belo).
http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/megaestetica/TratBelo/0764y005.htm). Deste modo, o objeto é, para nós, um fenômeno e não a coisa indeterminável que é a coisa-em-si. O objeto, portanto, é a unidade de uma diversidade que o sujeito constitui. “Objeto (...) é aquilo em cujo conceito é reunido o múltiplo de uma intuição dada” (KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Vol. I. e Vol. II. 1991, São Paulo. Coleção Os Pensadores, Nova Cultural).
[2] http://www2.usp.br/index.php/sociedade/238-psicologo-testa-comportamentos-relacionados-a-infidelidade-e-mitos-amorosos
[3] O termo “amorosa” não qualifica bem tal forma de relacionamento, posto que entre pais e filhos, ou entre amigos, a relação também é “amorosa”.
[4] É entendimento vulgar “fidelidade” ser tomada como sinônimo de exclusividade sexual.
[5] O que leva um indivíduo a buscar outras parcerias sexuais é um assunto que, por hora, não faz parte da discussão.
[6] Ainda que qualquer um possa, pelos motivos mais diversos, “surtar”, conforme o jargão psicológico
[7] O que será que pesa mais? As alcunhas chulamente estabelecidas ou as classificações cientificamente impostas?.

Ciúme

Felipe A Moreira
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Ciúme é coisa sem sentido, sem razão. Explico: a causa do ciúme é a necessidade de domínio sobre a vontade alheia, algo que, obviamente, é virtualmente impossível. Se é impossível é irracional, sem razão. Pode-se até ludibriar a vontade alheia, mas nunca controla-la de fato. O ciúme é, na verdade, uma disfarçada insegurança. Enorme insegurança. E também vontade de poder (que nada mais é do que insegurança, também disfarçada). Esse desejo de impor a própria vontade à dos outros é, alem de irracional, imoral – a liberdade de julgamento e de ação deve ser inerente a todo ser humano, sendo assim a tentativa de impor, sob quaisquer formas de coerção, os próprios valores e a própria vontade sobre a de outra pessoa é algo, intrinsicamente, imoral. Quem acharia por bem perder a própria liberdade de ação? Raiva, energia A manifestação física do ciúme, seu desdobramento no mundo sensível, é perceptível pelas conseqüências da raiva que ele geralmente suscita. Em geral, o ciúme leva à raiva, ao menos quando não controlado. A raiva também se mostra irracional – todos os seres animados possuem raiva; é a forma pela qual um ser procura atingir seus objetivos quando outros meios de ação se mostraram ineficientes. O problema é que, quando o ser “A” procura atingir os próprios objetivos por meio da raiva, acaba por infligir dano a outro um outro ser, por exemplo, “B”, ser esse que “A” geralmente, em sua cegueira raivosa, acredita ser o impecilho real que o impede de atingir seus objetivos. Logo, vêe-se que a raiva, quando permite algum sucesso, só o permite a um de dois, ou mais, seres. Dessa maneira também, assim como o ciúme, define-se a raiva como algo irracional e, nesse caso, por conseguinte, também imoral. A raiva, ao mostrar-se no mundo sensível, o faz por ações, por trabalho. Trabalho é gasto de energia. Logo, a raiva leva a um excessivo gasto, também irracional (assim como o ciúme e a própria raiva) de energia, energia essa que poderia ser utilizada em ações mais satisfatórias para a construção de uma sociedade mais equilibrada. Difícil... Agora falando por mim mesmo. Cheguei a essas conclusões depois de algumas reflexões privadas (sim, ambigüidade; para mim, pessoalmente, o local de reflexão filosófica, por excelência, é o banheiro, em tudo que este proporciona). Penso ser impressionante como uma coisa aparentemente corriqueira e banal como o ciúme pode, depois de analisado, assumir proporções colossais – se essa energia oriunda da raiva que nasce com o ciúme fosse utilizada para questões comunais poderíamos vivenciar uma outra idéia de sociedade pois, afinal, quem não sente ciúme? Infelizmente, eu, por mim mesmo, ainda não a aprendi a controlar esse sentimento tão misterioso (na verdade, qual sentimento não é misterioso quando posto em análise pela razão, que é filha recente dele?). Também não é possível prever quais seriam as conseqüências de um eventual controle sobre esse sentimento. Nosso “pai inconsciente” poderia desgostar-se com o “filho consciente”, por vezes nada pródigo. Como geralmente acontece após refletir, não cheguei a nenhuma conclusão, o que pode ser bom. Ou não.

http://felipe-pensamentos.blogspot.com/2008/03/reflexo-sobre-o-cime.html

domingo, 9 de novembro de 2008

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Mudanças...

"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".

Chico Xavier

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Acerca da Liberdade de Opinião

Voting. Photographer: Getty Images.
HTSR
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No Brasil, em época de eleições não é incomum os “n” falatórios acerca de em quem se vai votar e quem se “deve” apoiar, enquanto candidato. E haja pressão, a partir de entidades, orgãos de classe, conselhos comunitários, etc.
Por quê, tanta polêmica acerca de algo tão simples? Primeiramente o direito/dever ao voto tem seu sigilo assegurado por lei. Segundo, a liberdade de opinião, idem, é assegurada pela Constituição. O inciso IX, do artigo 5º, da Constituição, estabelece que é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. O artigo 220, garante que a manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição.
Porém, antes de fixação à normas (lex) que, necesseriamente, é o que faz os indivíduos terem um comportamento minimamente social e ético, a “simples” reflexão filosófica já seria suficiente para justificar e sustentar o direito acima referido. Como afirmou o filósofo Stuart Mill: “Aquele que deixa o mundo ou sua própria porção dele moldar-lhe o plano de vida não tem necessidade de qualquer outra faculdade senão a de imitação”. Imitação é a praxis da maior parte do povo brasileiro. É um agir sem opinião própria. Um tal de consultar índices de “institutos de pesquisa”, como que para se manter “atualizado” acerca das “preferências” da maioria e não se posicionar à margem. É como uma “necessidade” de seguir a moda. “Candidato tal” está “na moda”? É nele que vou votar. Não existe consciência, de modo geral, acerca da política enquanto ciência dos fenômenos referentes ao Estado ou como princípio doutrinário que caracteriza a estrutura constitucional do mesmo. Política, nas terras tupiniquins, nem sinônimo de proselitismo partidário é. Política, nessas paragens significa abdicar do exercício crítico e vender o direito de opinião por conta do chamariz pecuniário, da ilusão medíocre de se estar alinhado a um pensamento de vanguarda ou de uma obediência à pressões de grupos com os quais se convive ou se pensa estar inserido. Tal subordinação, anti-ética, procura transvestir-se sob o nome de “fidelidade” de classe, social, de grupo ou qualquer outra. A única fidelidade que devemos ter é com nossas próprias convicções. Convicções, estas, construídas por meio de um aparato crítico e não por adesão oportunista, simbiótica ou parasitária a qualquer ideologia de ocasião. Nesse ponto se faria imprescindível a facultatividade e não a obrigatoriedade do voto. A atitude de votar deveria ser feita baseada em convicções próprias, consciência cívica e por desejo pessoal. Tal exercício feito por imposição e/ou coação aniquila a liberdade de crítica que, em tese, fundamenta ou deveria fundamentar a liberdade de opinião.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Foco

A Preocupação olha em volta, a Tristeza olha para trás, a Coragem olha para frente...
A Preocupação olha em volta, a Tristeza olha para trás, a Coragem olha para frente...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

sábado, 6 de setembro de 2008

À espera da morte

Kevin Carter (13 de Setembro de 1960 - 27 de Julho de1994)


HTSR

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Esta é, para mim, uma das fotos mais pertubadoras das que já foram realizadas e ou conhecidas. Em 1994, o fotógrafo sul-africano Kevin Carter ganhou o prêmio Pulitzer de foto jornalismo com esta fotografia tomada na região de Ayod, Sudão, que percorreu o mundo inteiro. A mesma retrata a figura esquelética de uma menina, totalmente desnutrida, arrastando-se sobre a terra, esgotada pela fome e a ponto de morrer enquanto, num segundo plano, um abutre se encontra espreitando e esperando o momento preciso da morte da garota. Segundo relato do fotógrafo, depois de fazer seu trabalho, ele espantou a ave e ficou observando a criança por horas a fio, "chorando e fumando". Quatro meses depois, tomado por forte sentimento de culpa Kevin Carter suicidou-se. Carter estava deprimido com a violência da realidade que retratava e também com o assassinato do amigo, Ken Oosterbroek, dias antes de ser anunciada a sua premiação. Seu bilhete de "despedida": “Estou deprimido… Sem telefone… Sem dinheiro para o aluguel.. Sem dinheiro para ajudar as crianças… Sem dinheiro para as dívidas… Dinheiro!!!... Sou perseguido pela viva lembrança de assassinatos, cadáveres, raiva e dor... Pelas crianças feridas ou famintas... Pelos homens malucos com o dedo no gatilho, muitas vezes policiais, carrascos... Se eu tiver sorte, vou me juntar ao Ken...”
E as perguntas que faço: Sabendo que a cada dia que nos levantamos, com vida e saúde, tais coisas continuam acontecendo, mundo afora, como orientamos nossos pensamentos em relação à essa angústia? Que ações, efetivas, empregamos para iniciar algum movimento que possa reverter tal situação? Como não se tornar indiferente? São perguntas, para as quais, não somente eu, mas muitos de nós, ainda, não temos respostas.

Crematório de Cérebros

Cristovam Buarque
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Artigo publicado no jornal O Globo, dia 27/10/2007
É comum o horror diante da brutalidade de dirigentes que queimam livros e prendem ou matam intelectuais como o imperador chinês Shih Huang Ti, que, 210 anos antes de Cristo, decidiu queimar todos os livros e matar todos os estudiosos do seu império. Até hoje, a Inquisição horroriza o imaginário da humanidade pelo crime de destruir livros e matar intelectuais durante a Idade Média. Em Berlim, no campus da universidade Humboldt, há um local de reverência indignada no lugar onde Hitler queimou milhares de livros.
Mas não nos horrorizamos quando os livros são impedidos de ser escritos e os jovens de se transformarem em escritores. Indignamo-nos com a queima de livros e a prisão de escritores, mas não com a incineração de cérebros como se faz no Brasil, ao negarmos educação ao povo. Pior do que queimadores de livros, somos incineradores de cérebros que escreveriam livros, se tivessem a chance de estudar. A história do Brasil é a história do impedimento de que livros sejam escritos e de que cientistas e intelectuais floresçam.
Quando os livros são queimados, alguns se salvam. Mas se eles não são escritos, não há o que salvar. Quando os escritores se salvam, eles escrevem outros livros, mas quando não aprendem a ler, queimam-se todos os livros que poderia escrever.
O Brasil é um crematório de cérebros.
Ao nascer, cada ser humano traz o imenso potencial de um cérebro vivo e virgem. Como um poço de energia a ser ainda construído: pela educação. No Brasil, treze porcento dos adultos são analfabetos, apenas trinta e cinco porcento concluem o ensino médio; destes, só a metade tem uma educação básica com qualidade acima da média. Portanto, oitenta e dois porcento ficam impedidos de escrever, todos os livros que escreveriam são queimados antes de escritos. Como se o Brasil fosse um imenso crematório de inteligência.
As conseqüências são perfeitamente perceptíveis: basta olhar a cara da escola pública no presente para ver a cara do País no futuro. Apesar de nossos quase 200 milhões de cérebros, o quinto maior potencial intelectual do mundo, o Brasil continuará a ser um país periférico na produção de conhecimento. Da mesma forma como a China regrediu intelectualmente depois de Shih Huang Ti; a Alemanha, com Hitler; a Península Ibérica, com a Inquisição; o Brasil está perdendo o potencial de seus cérebros interrompidos. O resultado já é visível: ineficiência, atraso, violência, desemprego, desigualdade, tolerância com a corrupção e a contravenção. Um país dividido por um muro da desigualdade que separa pobres e ricos; e separado das nações desenvolvidas.
Durante anos, falou-se no 'decolar' da economia. Achava-se que para um país ter futuro bastava educar uma elite, um pequeno conjunto de profissionais superiores a serviço da economia. Formamos uma minoria no ensino superior, escolhida depois de rejeitar a imensa maioria na educação de base, e perdermos o potencial das dezenas de milhões deixadas para trás.
Ou o Brasil se educa ou fracassa; ou educamos todos ou não teremos futuro e a desigualdade continuará; ou desenvolvemos um potencial científico-tecnológico, ou ficamos para trás. Se a universidade é a fábrica do futuro, o ensino fundamental é a fábrica da universidade. Sem uma professora primária que lhe tivesse ensinado as primeiras letras e as quatro operações, Albert Einstein não teria se tornado cientista. Nossos prêmios Nobel morreram antes de aprender as quatro operações. Não podemos formar inteligências enquanto formos queimadores de cérebros. Não podemos melhorar a educação superior sem uma educação realmente universal e de qualidade para todos. Só o pleno desenvolvimento do imenso potencial da energia intelectual dos brasileiros permitirá derrubar o muro do atraso e o muro da desigualdade. Mas isso exige que o horror que sentimos com os estrangeiros que queimavam livros e sábios, seja transferido para nós próprios, incineradores de livros que não foram escritos, de doutores que morreram analfabetos. Incineradores de cérebros.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Solitude III


Solidão não é falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo. Isso é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe, compulsóriamente, para que revejamos a nossa vida... Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto. Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.

Atribuído a Francisco Buarque de Holanda

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Acerca da Felicidade / Infelicidade















Photo by HTSR

HTSR
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Sobre a questão de ser e fazer "feliz", primeiramente, trocaria - sem reservas - o verbo "ser" pelo verbo "estar". Tais verbos são tão freqüentemente usados no mesmo sentido que em alguns idiomas têm a mesma forma, tal como no Inglês (To Be) ou Alemão (Sein). Mas em Português guardam diferenças de uso, assim como no Inglês e Alemão mantêm, nítidas, diferenças de interpretação, conforme o emprego. Por exemplo, a frase: I am here ("eu estou aqui" - é impossível ser entendida como "eu sou aqui"). Ninguém é feliz! Estamos felizes - dependendo das circunstâncias. Se fossemos felizes nem o saberíamos, por inexistência de estado oposto para comparação. Só existe a percepção do fenômeno designado por "dia" porque existe o, distinto, entendimento de um fenômeno oposto, designado por "noite" e é essa diferença (a distinção da presença e ausência de luz) que justifica a ocorrência e o uso dos diferentes vocábulos (dia/noite). Do mesmo modo só é possível se perceber "feliz" por comparação com os estados de "infelicidade". Assim, temos momentos de "felicidade" ou "infelicidade" e não somos "felizes" ou "infelizes". Se fóssemos "felizes" nos seria impossível ser, em qualquer momento, "infelizes". Se isso fosse verdade, nossas essências seriam mutantes. Nosso Ser seria cambiável. Em outras palavras, isso me conferiria a propriedade de ora ser Maria e ora ser João. Isso é impossível! Algo é ou não é. Este é um dos primeiros princípios da lógica formal. Algo ser e não ser implica em absurdo! Terra é terra, não é água. E o gelo é água, ainda que em outro estado (o que lhe confere uma outra forma). Aparência é uma coisa, essência é outra. Por isso, o que há, existe de um certo modo - que é a manifestação de uma dada essência no mundo fenomênico. Faz parte da essência humana existir tendo momentos de "felicidade" e "infelicidade". Já o verbo fazer - no sentido de manufatura - nesse caso, é completamente estaparfúdio. O máximo que um indivíduo pode fazer por outro, em relação ao que se discute, é inspirar ou propiciar condições em que certas possibilidades, a partir da perspectiva do outro, possam efetivar-se, para este, em momentos de "felicidade". Nos compete é tentar maximizar, para nós mesmos, tais momentos de "felicidade", que quase se expressa como a média aritmética entre duas potências metafísicas: Felicidade e Infelicidade. Nossos esforços tanto podem ser empregados no sentido qualitativo (pois que a percepção do estado de "felicidade" comporta a noção de grau) como no aspecto quantitativo (já que a mesma percepção, também, comporta a noção de número). Assim, temos que nos "relacionar" com essa equação: "felicidade/infelicidade". A mesma é mais um domínio no drama da existência humana.

sábado, 23 de agosto de 2008

Enfrentamento

















http://www.starwon.com.au/~cfrench/Maze.jpg

"Nem tudo que se enfrenta, pode ser modificado, mas nada pode ser modificado, até que seja enfrentado".

James Baldwin
(Escritor americano, negro, que lutou pelos direitos civis, inclusive raciais, no começo da década de 60, nos EUA)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

PAI


PAI é aquele que se coloca na nossa vida como um ponto luminoso, um farol que funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano, indicando o caminho e sinalizado os perigos. Com o passar dos anos este PAI é interiorizado e passa a ser uma luz pessoal, uma auto-referência. O PAI aponta para direções que trazem identidade para o filho, pois só assim dará condições deste filho se tornar independente e autoconfiante. Para tanto é preciso conhecer o filho, percebê-lo como indivíduo, respeitando sua personalidade. Assim, existe pelo menos um PAI para cada filho, pois mesmo que tenha mais de um filho, ele não é o mesmo com todos eles. Também, no decorrer da vida elegemos algumas pessoas como PAI, mesmo que por pouco tempo, mas o suficiente para que possamos nos organizar e voltar a caminhar por conta própria. Além disto, todos nós somos PAI de alguém que esteja perdido, que esteja no escuro e sem confiança em si mesmo. Somos PAI do nosso filho, do amigo, do namorado, da esposa, dos nossos pais, da filha de um amigo, do nosso irmão e dos sobrinhos.
Quando se é PAI sabe-se quem é aquele indivíduo que está na frente, sabe-se se ele precisa de uma conversa ampla e bem aberta para se reencontrar, ou se é melhor fornecer-lhe objetivos e direções claras, sem deixar nenhuma sombra de dúvida. Alguns "filhos" nos pedem para sermos como um chão seguro e firme, pois só assim conseguem restabelecer-se, enquanto que outros demandam abraços e compreensão profunda da dor que estão sentindo para que possam seguir em frente.

Ignorado

Responsabilidade Humana

"A verdadeira bondade do homem só pode se manifestar com toda a pureza, com toda a liberdade, em relação àqueles que não representam nenhuma força. O verdadeiro teste moral da humanidade (o mais radical, num nível tão profundo que escapa ao nosso olhar) são as relações com aqueles que estão à nossa mercê: os animais. É aí que se produz o maior desvio do homem, derrota fundamental da qual decorrem todas as outras."

Milan Kundera

terça-feira, 15 de julho de 2008

Solitude II

http://isabelfilipeartdesign.blogspot.com/2006/10/blog-post.html

"É senso comum, no sentir das pessoas, pensar no que fariam com aquilo que lhes falta, deixando de fazer muitas coisas com o que realmente têm." (Ignorado)

Solitude I


"As pessoas sempre vão embora. É preciso saber estar só para se ter alguém". (Ignorado)

domingo, 6 de julho de 2008

Egocentrismo

"Não espanta que eu fale em meu próprio sentido e que aqueles que agradam a si mesmos estejam na ilusão de serem dignos de louvor: assim, a mais bela criatura que existe é: para o cão, o cão; para o boi, o boi; para o asno, o asno e, para o porco o porco."
Epicarmo

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Reflexão Ética

HTSR
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Aristóteles convenceu-se de que Platão demonstrou, com seu modo de viver, que é possível ser feliz e virtuoso - ao mesmo tempo - e que é impossível, em algum momento, ninguém assim o ser. Não faço tal separação entre esses termos, do mesmo modo que não apoio a cartesiana disjunção entre mente e corpo. A priori (designação aqui empregada ao modo kantiano), penso que aquele conjunto é indissolúvel, sendo impossível ser - de fato - feliz sem ser virtuoso. Contudo, concordo com Habermas que nos lembra que "enquanto basearmos a moral, que fornece o critério para a investigação de si mesmo, apenas no conhecimento humano, no sentido socrático ou kantiano, faltará a motivação para converter em prática os julgamentos morais." Diante disso, não poderia ser mais precisa, ainda que desoladora, a observação de Kierkegaard ao criticar a sociedade cristã, supostamente cônscia e esclarecida de sua moral entretanto, extremamente corrompida: "Disso, pode-se tanto chorar quanto rir ao se perceber que todo esse saber e essa compreensão não exercem nenhum poder sobre a vida das pessoas". Para Habermas, "o recolhimento cínico de um estado injusto do mundo não falam em favor de um déficit de conhecimento, mas de uma corrupção do desejo. As pessoas que melhor poderiam sabê-lo, não querem compreender". Esse desinteresse pela aplicabilidade do pensamento ético, essa falta de desejo por uma ética prática é o que impede, do meu ponto de vista, o estabelecimento do "ser virtuoso" aos indivíduos. O hiato entre o modo de ser - caráter -, o cognitivo e o modo de agir, ou seja: a inexistência de um amálgama entre o ethos, o cogito e a praxis é a responsável pelo estabelecimento e manutenção da infelicidade individual e, por extensão, coletiva que, em um efeito feedback, distorce ou corrompe o desejo, se não impede a construção de um ethos capaz de unir o pensamento à prática.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Acerca da Intransigência

"Quando se tem uma ideologia da infalibilidade também se comete erros infalíveis, que naturalmente não se pode corrigir" (Hans Küng).

segunda-feira, 31 de março de 2008

Acerca da Beleza


"(...) é mais fácil ao poder da beleza transformar a virtude em libertinagem do que a força da honestidade moldar a beleza à sua feição..."

(Shakespeare in Hamlet)

quarta-feira, 26 de março de 2008

Acerca da Morte...

HTSR
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Na morte se sonambula... Pensa-se que está acordado, quando dorme-se. Assim, pensando em se estar desperto, não se está na vida e, desde que dormindo, também não se está sonhando, já que não se dorme no sonho. A morte é a mais real das instâncias da existência. A vida - que passa-se "desacordado" - é só uma pausa da morte.

sábado, 1 de março de 2008

Acerca da Arte


"Arte é a expressão da imaginação, não a reprodução da realidade". (Henry Moore)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Mediocridade














Existe sempre uma grande demanda por novas mediocridades. Em todas as gerações, o gosto menos desenvolvido tem o maior apetite." (Paul Guaguin)