Crítica Libertária

Sobre críticos e libertários, ler abaixo... Aqueles serão os significados dessas palavras neste espaço de discussão, cooperação e diversão... (por quê, não?)

Crítico

O crítico não é um operador, mas um revisor. E é este o domínio que interessa ao indivíduo, quer seja ou não estudioso ou filósofo, que opte por uma postura crítica. Defendo que a crítica não deve limitar-se às produções estéticas humanas porém, mais do que à generalidade do agir, aplicar-se à própria "percepção" de "mundo", organizada a partir da "leitura" racional.

Libertário

Libertário, segundo definições de dicionário, pode ser compreendido como aquele que se inspira em doutrinas preconizadoras da liberdade "absoluta". Liberais, valorizam, acima de tudo, a liberdade. Isso inclui suas conseqüências para o "bem" ou para o "mal". Bem e mal são conceitos controversos, entretanto suponhamos que o cerceamento de liberdade - tido como um bem - pelos liberais seja um mal. Disso conclui-se que minha liberdade não pode atentar contra a liberdade de outro; portanto, não existe liberdade absoluta. Por outro lado, quanto mais houver liberdade, mais se acentuarão as diferenças. Já os libertinos dos séculos XVI e XVII caracterizaram-se pela liberdade de pensar, tratando das questões humanas sem se curvar a dogmas religiosos ou preceitos morais. Libertário, aqui, significará, particularmente, aquele que defende a liberdade -amíude, a de crítica - que impossível de ser absoluta - ad infinitum - que o seja enquanto dure...

Quem sou eu

Uma entidade difícil de definir pelo formalismo lingüístico. Entretanto, enquanto sujeito, defendo a liberdade de crítica e pratico a crítica da liberdade. Conseqüência: caminhar sobre o "fio da navalha" buscando o equilíbrio entre a transgressão e a disciplina, entre o rigor e a suavidade; tendo como "sol", a iluminar-me e a apontar-me o horizonte, a emancipação conferida pela reflexão ética e como forma primeira de expressão: a poesia.

Uma tarde em L. da Conceição...

Uma tarde em L. da Conceição...

Contato

tellessr.2016@gmail.com

AFORISMOS

"A verdadeira máxima do homem-massa é esta: sei que sou um verme, mas todo mundo é..." (Émile Zola)

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" (Antoine de Saint-Exupéry ).

"Vivemos, num lusco-fusco da consciência, nunca certos com o que somos ou com o que nos supomos ser" (Fernando Pessoa).

DESTAQUE

Navegar é Preciso Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpoe a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Irracionalidade, ausência de ética e intolerância


Uniban, Talebã e o Brasil

Por Rogério Simões

O caso envolvendo a estudante Geisy Arruda tem provocado um grande debate no Brasil. Questões morais, direitos das mulheres, ética educacional etc, vários são os elementos trazidos à tona pelo incidente. Todos os que têm discutido o assunto parecem entender que, em torno do episódio, há muito mais em jogo do que apenas o futuro de uma estudante e a imagem pública de uma universidade particular.
A instituição em questão, Universidade Bandeirante, ou simplesmente Uniban, decidiu expulsar Geisy de seu corpo discente. Segundo comunicado divulgado ao público em anúncio pago, uma "sindicância consuante com o Regimento Interno" da universidade concluiu que a aluna é culpada de "flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade". O Ministério da Educação exigiu explicações da instituição, e a ministra Nilcéia Freira, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, criticou duramente a decisão. As explicações contidas no anúncio da Uniban parecem não ter convencido as autoridades do país.
Em questões de moralidade, não há necessariamente certo ou errado. Sociedades desenvolvem-se de formas muito particulares, de forma que algo aceitável na Suécia pode não ser tolerado no México, muito menos na Arábia Saudita. Algo moralmente condenável no Brasil dos anos 40, como a prática do sexo antes do casamento, é hoje um comportamento não apenas natural, mas esperado. A pornografia é proibida em países muçulmanos, mas na maior parte do mundo ocidental, se produzida com e para adultos (a partir de 18 anos), trata-se de um produto como outro qualquer, de veiculação restrita, mas aceito e livremente consumido. O aborto voluntário, ainda proibido no Brasil fora casos de estupro e risco à vida da mãe, é um direito legal em nações como Grã-Bretanha, França ou Estados Unidos. Na Nicarágua, uma mulher grávida em decorrência de um estupro pode ir para a cadeia se optar pela interrupção da gestação.
No Afeganistão (foto acima), as mulheres são alvo de tradições e leis que estão entre as mais conservadoras do mundo. Nos tempos do regime do Talebã, nos anos 90, mulheres violentadas poderiam ser apedrejadas até a morte por terem, mesmo que involuntariamente, mantido relações sexuais fora do casamento. Nesse mundo do Talebã, Geisy Arruda não teria direito nem mesmo à educação. No Irã, ela poderia ir livremente à faculdade, desde que de corpo e cabeça cobertos. Já na maior parte do mundo ocidental, um vestido exageradamente curto de uma aluna seria recebido apenas com olhares (interessados ou indignados), comentários (elogiosos ou negativos), reclamações formais aos responsáveis pelo recinto ou puro desinteresse.
Cada sociedade escolhe seu grau de abertura moral e as formas como pretende punir desvios de conduta. O Brasil, por suas características históricas, é um verdadeiro caldeirão cultural, com grande variação de pensamentos, dos mais liberais aos mais conservadores. A legislação e o próprio bom senso, que incorporaram mudanças sociais como o divórcio, sempre tentaram encontrar um denominador comum que reflita o que o país pensa e tolera. O incidente envolvendo Geisy Arruda, a Uniban e estudantes engajados no linchamento moral de uma colega (para a universidade, uma "defesa do ambiente escolar"), pode ser um bom momento para a sociedade brasileira mostrar do que mais se aproxima: dos ideais ocidentais de tolerância ou do radicalismo do Talebã.

Em 09 de novembro de 2009.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

“Reflexão sobre a percepção de valor intrínseco”


Não consegui verificar a veracidade e nem a fonte original desta história, contudo é uma boa base reflexiva e penso ter ampla aplicabilidade - quanto ao relativismo ou, melhor - às diferentes conotações de valor que são afetadas por julgamentos subjetivos, não raro baseados em pré-conceitos ou idiossincrasias espaço-temporais. Por exemplo, até "valores morais" ou “virtudes”, contextualizados num certo momento de uma certa cultura, recebem molduras rotuladas por nomes mais ou menos valorizados. Exemplificando, se o amor é uma virtude, assim como solidariedade ou gratidão, o mesmo tem seu valor aumentado, diminuído ou mesmo eliminado dependendo do seu "sobrenome" ou a quem é aplicado. Assim o "amor materno" tem um valor quase sacro ou inestimável enquanto o amor de um homem ou mulher por outro (a), do mesmo sexo ou que não seja o seu cônjuge (assim reconhecido pelas normas religiosas e sociais) é um amor de valor "nulo” ou execrável (HTSR).

Segue o texto:

“Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Eis que o sujeito desce na estação do metrô. Vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal. Mesmo assim, durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes. Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de três milhões de dólares. Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares. A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte. A conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto. Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife. Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares, e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço. O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser? Essa experiência mostra como na sociedade em que vivemos os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia, e pelas instituições que detém o poder financeiro. Mostra -nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho.”

Joshua Bell

Joshua Bell fez sua estréia no Carnegie Hall em 1985 com a Orquestra Sinfônica de Saint Louis. Realizou o solo a trilha sonora do filme O Violino Vermelho de John Corigliano ganhador de Oscar e também na Mulheres de Lavanda. Bell também fez uma aparição no filme Music of the Heart, uma história sobre o poder da música, com outros notáveis violinistas.
O instrumento de Bells um violino
Stradivarius, feito em 1713 durante a conhecida como Antonio Stradivari's "Golden Era.". Este violino tinha sido roubado duas vezes desde o anterior proprietário, Bronislaw Huberman. Bell comprou-o por cerca de quatro milhões de dólares. A primeira gravação foi Romance of the Violin (pela Sony Classical) in 2003. Vendeu mais de 5000000 cópias e permaneceu no topo das tabelas de música clássica por 54 semanas. Bell é parceiro artístico da Saint Paul Chamber Orchestra (na temporada 2004-2005) e professor na Royal Academy of Music, em Londres e professor na Massachusetts Institute of Technology.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Joshua_Bell

terça-feira, 30 de junho de 2009

Exemplo de pragmatismo

HTSR
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Como já dizia, Angelo Gaiarsa, as mulheres detém em suas mãos o futuro da humanidade. Há pouco tempo atrás, mulheres na Turquia fizeram "greve de sexo", por tempo indefinido, para conquistarem mais respeito aos seus direitos civis. Os machos ficaram privados de um dos seus maiores prazeres imediatistas e - claro - no período, cairam as concepções. Agora temos as mulheres de Papua Nova Guiné sendo mais extremistas. Se as mulheres das favelas brasileiras, aquelas inseridas em grupos extremistas, culturas opressores do sexo feminino e de países extremamente beligerantes como os EUA fizessem o mesmo ia faltar "carne para canhão" e menos mulheres seriam apedrejadas ou passariam fome. Entre erros e acertos elas aprenderão como achar o meio termo. Contudo, entre os horrores que vemos no planeta e sabendo que a maior parte é perpretado, infelizmente, pelo Homem macho, cortar, desse modo, "o mal pela raiz" é dos absurdos o menor. Se alguém deve ser abortado ou morto ao nascer que sejam bebes do sexo masculino. Eu, pessoalmente, sou mais econômico: que as mulheres mostrem em sua abstinência sexual que não são meros montes de carne com a finalidade de satisfazer a volúpia de algum gênero. E, se alguém tem que nascer, que seja concebido por um motivo nobre, o que não inclui a quase totalidade das alegações para se ter um filho. Por outro lado, acredito que não precise nascer mais ninguém. Tem bípede implume demais sobre o planeta. A espécie não está em risco de extinção. Vai faltar quem faça a guerra (de modo geral os machos, mas não exclusivamente eles) e quem esteja interessado nelas (a história já demonstrou que, por muitas e muitas vezes, haviam mulheres por trás dos interesses espúrios masculinos, quando não eram as próprias a promover as barbáries). As mulheres de hoje já não estão mais sujeitas aos mesmos perigos naturais de outras épocas e não precisam mais de machos inúteis que não tendo o que fazer, se matam uns aos outros, corrompem as mulheres e as matam, quer por fome, ferro ou apedrejamento. Por outro lado, as mulheres tem que arregaçar a manga, parar de expor os corpinhos para faturar, esperar por maridinhos abastados e trabalhar duro.
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Mulheres de Papua Nova Guiné matam bebês para tentar encerrar guerra tribal
Mulheres de uma área rural de Papua Nova Guiné estariam matando seus filhos recém-nascidos do sexo masculino numa tentativa desesperada de encerrar uma guerra tribal que já dura mais de duas décadas, segundo relatos publicados pela imprensa local.
Segundo o jornal papuásio The National, duas mulheres da região fizeram a revelação durante um encontro promovido na semana passada na cidade de Goroka, capital da província que abriga as tribos em conflito, para discutir a paz e a reconciliação na região.
Segundo as mulheres, Rona Luke e Kipiyona Belas, de duas tribos em disputa, a decisão de sacrificar os bebês do sexo masculino foi tomada para forçar o fim do conflito ao reduzir a população masculina disponível para a guerra.
“Todas as mulheres concordaram em matar todos os bebês do sexo masculino porque elas já estavam fartas de ver os homens se envolvendo em conflitos tribais e deixando-as na miséria”, relatou Luke, de acordo com o National.
Ela admitiu que a morte dos bebês era um crime bárbaro, mas alegou que essa era a única maneira que as mulheres tinham para tentar acabar com o conflito.

Dificuldades

Belas, por sua vez, afirmou que as mulheres tinham dificuldades em conseguir alimentos enquanto seus maridos permaneciam envolvidos na guerra.
As mulheres não souberam dizer quantos bebês foram sacrificados até agora durante o período de conflito, iniciado em 1986 após a ocorrência de alguns assassinatos na região atribuídos a bruxaria.
O Exército da Salvação, que promoveu o encontro da semana passada em Goroka, vem reunindo líderes de 15 diferentes tribos da região para tentar negociar um fim aos conflitos.
Segundo um porta-voz da organização, o assassinato dos bebês recém-nascidos é uma demonstração da extrema frustração das mulheres com os homens envolvidos na guerra.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Dia Mundial da Conservação do Solo e Santa Catarina

HTSR
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15 de abril é o Dia Mundial da Conservação do Solo. Em ocasião mais do que propícia àqueles que obtém gozo na provocação, vemos o Governo do Estado de Santa Catarina sancionar uma Lei que visa promover destruição ao meio ambiente e cuidar para que seus agressores sejam devidamente inocentados, ainda que incorram em crime federal, nem que para isso o Estado tenha que acionar suas forças militares locais. Se o "revoluvionário" "líder" catarinense, em sua queda de braço, com o "Planalto", pretendia se auto-promover na mídia e em seus currais eleitorais, parece não ter se dado conta que o mercado publicitário, caso dependesse de idéias como essa, já teria sido levado à ruína. A política partidária e eleitoreira depende, claro, da publicidade e seus técnicos. Contudo, como "profissional" da área, LHS não ganharia nem para o café da manhã. Em sua miopia política, administrativa, ética e cívica, LHS transmuta-se em arauto da balbúrdia federativa e se investe do papel de apologista do crime.
De fato, progressivamente, podemos observar o vilipêndio ao qual é submetido o Estado de Direito e, por extensão, a Federação Brasileira. A Constituição, ao que tudo indica, é apenas fonte de inspiração nostálgica para debates acadêmicos acerca da Justiça e leis parecem, cada vez mais, serem elaboradas ou para ficarem adornando papéis, principalmente as federais, ou atender interesses restritos de determinadas classes, mormente as de nível local. Tanto uma como outra coisa se aplicam aos desmandos do Governo de Santa Catarina. Ainda que a não sobreposição de uma lei estadual, ou municipal, sobre uma federal seja uma premissa básica e de saber comum tanto a qualquer estudante de Direito como a qualquer cidadão, o advogado, governador do Estado de Santa Catarina, tanto despreza a autoridade Federal, colocando-se dela à margem, como cria leis inconstitucionais, desrespeitando determinações do Ministério Público e, até mesmo, de Ministro de Estado, posicionando-se, desavergonhadamente, como incitador e defensor de criminosos. Segundo o jornal “A Notícia”, “o governador Luiz Henrique (PMDB) resolveu comprar uma briga com o governo federal, ao reagir às ameaças do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que chegou a falar em prisão para quem acatar o Código Ambiental do Estado, assinado por LHS na segunda-feira. Minc determinou que o Ibama ignore a lei aprovada pela Assembleia, fazendo valer a legislação federal. O ministro pediu que seja tratado como criminoso quem se orientar pelo Código Ambiental do Estado, que contariaria normas federais. Numa carta enviada ao ministro, LHS sustenta que “o novo Código contempla a nossa realidade territorial, que é predominantemente dividida em minifúndios lavrados por agricultores familiares”. Como integrante da comissão de redação final da Constituição, LHS lembra que o texto garantiu “competência concorrente entre a União e as unidades federativas estaduais para legislar sobre meio ambiente”. Antes de convidar Carlos Minc a visitar o Estado, o governador alfinetou o ministro. “Declaração como essa só poderia ser atribuída aos ministros do regime ditatorial, contra o qual lutei durante os 25 anos desse período negro do País! Não a um ministro de um governo democrático.” LHS encerrou a correspondência desafiando o ministro, ao afirmar que “no nosso território a polícia catarinense, que é competente, dará toda a garantia aos agricultores do Estado, e assegurará a execução do nosso Código” (www.clicrbs.com.br/anoticia, 16/04/2009). Essa tal “garantia”, que implica em insubordinação, é, também, anunciada pelo jornal “Notícias Agrícolas” (www.noticiasagricolas.com.br, 16/04/2009), citando a Folha de São Paulo. Evidentemente que não se pode esperar da classe agricultora catarinense reação outra que não a de entusiasmo. Visando seus próprios interesses, LHS busca dar amparo legal ao interesse de agricultores. A mídia destaca as vozes dos alegados "pequenos" que, de pé, aplaudem LHS. Contudo a Natureza não tem fronteiras e a destacada "pequenez" de uma parcela de produtores rurais não os transforma em "bonzinhos" e "inocentes", algo como o ideal do "Bom Selvagem" de Rosseau. Tão humanos e tão sujeitos a vícios como o homem urbano, o homem rural cuida de dar concretude às suas ambições. Tendo no chefe do Executivo Estadual o apoio irrestrito às suas intenções não há razão para que estes se ocupem com ações e discursos ecológicos. Por conseguinte, a sociedade catarinense - não diferindo em muito do restante da sociedade nacional que, desorganizada e carente de força representativa, têm cooperado para a perpetuação do espírito do "colonialismo" e do "coronelismo" nas terras "tupiniquins" - verá este aviltoso desmando se unir às vergonhosas falcatruas desmascaradas, em pasado recente, pela ação federal “Moeda Verde”, colorindo de negro o já folclórico cenário ambiental “barriga verde”, cada vez menos verde e a mercê da ciranda de interesses das quadrilhas de especuladores imobiliários e oligarquias locais.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Acerca do caos urbano em Florianópolis

COQUEIROS E ESTUGARDA

Rafael Lopes Azize
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Há alguns meses, os coqueirenses, através da sua associação de bairro, rejeitaram a proposta de uma ciclovia. O argumento, oriundo dos donos de restaurantes, era o de que isso diminuiria o número de vagas de estacionamento de automóvel privado - o que seria ruim para os negócios. Pegando embalo na genial reação dos coqueirenses, envio uma ligação da empresa pública de transportes coletivos de Stuttgard. Eles têm ônibus, VLTs (bondes) e trens de variadas bitolas e alcances. Parece uma empresa eficiente, com boa política por trás, e cheia de ideias - como se vê pelo sítio deles. Com parcerias diversas, oferecem aos usuários descontos em teatros, em restaurantes, na biblioteca pública, etc., para quem deixa o automóvel privado em casa no dia-a-dia. Usuários frequentes pagam menos. Há 9.565 bicicletários estrategicamente colocados em baldeações, para incentivar que um trecho seja feito de bicicleta. Querem saber onde? Basta entrar aqui:http://www.vvs.de/service_prbr_br_alle.php,dizer a região e baixar um arquivinho pdf com o mapa.Enquanto isso, na mágica capital dos catarinenses, as empresas locais (privadas), em conluio histórico com o poder dedicadamente público, aplicam as suas calorias em... (preencham vocês - eu vou pegar um café moído na hora com pão integral caseiro, uma dilícia).Mas parece que não poderia ser diferente, ora bolas; afinal, a indústria automotiva, ouvi dizer ontem no telejornal de economia, é a base da cadeia produtiva brasileira. Ou será que foi anteontem que ouvi isso? Ou no dia anterior? Mas espera: se é esse o argumento que vale, então por que diabos na Alemanha pode ser diferente? Certamente porque a indústria automotiva deve ser ali um parte menos importante da cadeia produtiva do que aqui.


COMENTÁRIO
HTSR
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Bem... que as questões voltadas ao urbanismo e ecologia, em Florianópolis, dão "pano pra manga", isso não é novidade. Afinal, os governantes da Ilha da Magia, envoltos nessa atmosfera sobrenatural, parecem extenderem os seus dotes obscuros ao mundo do caos, de onde buscam inspiração admnistrativa. Mas... espera aí, lembro-me de Montesquieu que afirmou que "cada governante adapta-se ao povo que tem". Se isso é verdade, em que pese o "punho" da indústria automotiva nas decisões socio-políticas das comunidades mundiais, parece ser relevante destacar a visão ambígua e bastarda dos nativos e imigrantes locais. Nem se decidem por uma cidade cuja marca seja a griffe ecológica - tão em voga hodiernamente - e nem pelo tradicional refrão progressista. O resultado é uma cidade acéfala, cuja mídia faz a fama. A infra-estrutura turística é sofrível e o "espólio" desta, que deveria servir aos residentes, não poderia ser coisa melhor. Ora bolas... que esperar de gente cujo mantra básico é explorar os desavisados? Essa índole permeia desde os cérebros menos trabalhados cognitivamente aos de bacharéis, mestres e doutores que já pululam a antiga Desterro. Ummm... parece que esta é a sina deste recanto geográfico. Gente empreendedora, esclarecida e culta não são bem vindas. Por isso essa eterna mediocridade, tranvestida de alegria e fantasia. Ciclovia em Coqueiros? Onde? A única ciclovia que foi - de fato - projetada nesta ilha é um caos. Imagine-se essas engembrações! Sonhar que contribuam para a melhoria da saúde - quer por redução no aquecimento global ou pelas benesses do exercício físico - é uma pueril ilusão. Na verdade contribuem com a baderna no trânsito e põem em risco a vida da meia dúzia de "gatos pingados" que ousarão usar os pedais de seus veículos, ecologicamente corretos, nesses corredores que fazem a alegria dos propagandistas partidários de ocasião. É muito interessante pensar numa Florianópolis (eita nome horrível -sempre me lembra o Floriano) neerlandesa, mas nada "cai do céu".
Ciclovias? Sim. Projetadas e com bom nível de segurança, conforto e efetividade. De que adianta pedalar uma centena de metros, ombro a ombro com ônibus e caminhões, e, em seguida, ter que disputar um quinhão de espaço na via comum? Desencargos politicóides de consciência e maquiagem barata com o fim de perpetuar a idéia de uma cidade "voltada ao verde" nada acrescentam à falta de estacionamentos públicos (pois quem tem carro paga mais impostos de quem não tem); de transportes públicos (garantidos em constituição e posto que são uma consessão não deveriam visar lucros estelares) regulares e de qualidade; de efetivação de propostas que estimulem meios alternativos de transporte, etc e etc... O pacote de mudanças, que passa desde a base cultural do "mané" até as sofisticadas soluções de engenharia, logística e administração, é tamanho que parece requerer uma mudança de paradigma, sob pena "ad eternum" de se "despir um santo para vestir outro". "Trocando em miúdos": "nem tanto ao mar, nem tanto à terra". Não sou adepto da "autofobia" e nem um defensor fundamentalista da carroça e assemelhados. Se é verdade que o embróglio em torno da ciclovia coqueirense teve seu desfecho influenciado pela visão - esverdeada pelo azinhavre do vil metal - de um parcela, minoritária, de cidadãos, temos que ter em conta que se outra parcela, igualmente minoritária, tivesse implementado a dita via para veículos de duas rodas, no fim das contas - descontados "mortos e feridos" - teríamos um "ganho" de proximidade com o inferno, no trânsito, e um aumento de emergências hospitalares. Pragmaticamente, quem sai ganhando?

domingo, 22 de março de 2009

Sobre a "crise" mundial (ou de alguns bancos e montadoras)

Abaixo transcrevo texto, atribuído a Neto, diretor de criação e sócio da Bullet (agência publicitária), sobre a crise mundial.

“Vou fazer um slideshow para você.Está preparado? É comum, você já viu essas imagens antes.Quem sabe até já se acostumou com elas.Começa com aquelas crianças famintas da África.Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.Aquelas com moscas nos olhos.Os slides se sucedem.Êxodos de populações inteiras.Gente faminta. Gente pobre.Gente sem futuro.Durante décadas, vimos essas imagens.No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.São imagens de miséria que comovem.São imagens que criam plataformas de governo.Criam ONGs.Criam entidades.Criam movimentos sociais.A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.Ano após ano, discutiu-se o que fazer.Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.Resolver, capicce?Extinguir.Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.Não sei como calcularam este número.Mas digamos que esteja subestimado.Digamos que seja o dobro.Ou o triplo.Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.Não houve documentário, ong, lobby ou pressão que resolvesse.Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia.”

Como uma pessoa comentou, é uma pena que esse texto só esteja em blogs e não na mídia de massa, essa mesma que sabe muito bem dar tapa e afagar. Se quiser, repasse, se não, o que importa, o nosso almoço tá garantido mesmo.

COMENTÁRIO

HTSR
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É profundamente deplorável constatar o quanto somos marionetes nas mãos de governos, religiões, falsos líderes políticos, intelectuais e espirituais, costumes herdados e da maldita mídia que aliena ao gosto de quem melhor atende seus interesses, financeiros, de poder ou outros, ainda mais sombrios.Realmente... uma pena que informações, constatações e alertas como este só circulem para um pequeno grupo. Creio que no dia que a Internet, realmente, ameaçar o "status quo" mecanismos vários de censura serão implantados e, pode ter certeza, serão eficazes. Não existirão hakers angelicais mas, como sempre, mercenários, dispostos a vender sua "genialidade" a quem melhor pagar.

domingo, 15 de março de 2009

Redação de estudante carioca vence concurso da UNESCO

Abaixo transcrevo texto de redação, atribuído à Clarice Zeitel Vianna Silva (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - RJ) que, noticia-se, venceu o concurso, acima anunciado, com cerca de 50.000 participantes.

Em seguida faço meus comentários.

Tema: Como vencer a pobreza e a desigualdade

'PÁTRIA MADRASTA VIL'

Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência... Exagero de escassez... Contraditórios? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL. Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade. O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente sistematizada - de contradições. Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil', mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta vil. A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica. E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra... Sem nenhuma contradição! É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem! A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão. Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)... Mas estão elas preparadas para isso? Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil. Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona? Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos... Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas.
Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente... Ou como bicho?

COMENTÁRIO
HTSR
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Pois... uns pensam... tomam consciência se descondicionam, se desamoldam e se reorganizam. Outros, a maioria esmagadora, não passa de massa de manobra acrítica e rasteiramente hedônica. A partir da satisfação de seus prazeres - já previamente induzidos -, da manutenção de seus mêdos - já anteriormente inoculados e cultivados - são, facilmente, incorporados a um "corpo social" imbecilizado e alimentados com "reality shows", "novas" religiões (mais conservadoras do que nunca) e, vazios de tudo, entregam a si mesmos e os seus sentimentos à opinião e aprovação do "cupinzeiro envenenado". Resulta então uma verdadeira "fábrica" de "bengalas psíquicas": times de futebol, nacionalismos, parentismos, etc. Nomes e mais nomes em prol de "n" sectarismos e ilusões. Imensas perdas de tempo por não enfrentamento, por pseudo-respeitos, por submissão a condicionamentos. Nenhum grande mestre que tenha pisado neste planeta disse para "respeitar o tempo alheio", sendo conivente com covardias e omissões. Denunciar sim. Criticar sim. Apontar para caminhos opostos aos nitidamente errados. Errados porque não libertam, não elucidam, não integram, não evitam a violência, incentivam a soberba, a ganância e toda a gama de atitudes predatórias. Por isso, jamais calar diante da óbvia burrice, covardia, morosidade, inércia, discriminação, alienação e outras conivências aéticas ou anti-éticas. Parabéns à estudante pela coragem de denunciar a hipocrisia, por arriscar-se a ser rotulada de difamadora da "honra nacional" ao denominar a tal "terra brasilis", como "vil madastra", outrora cantada em verso como "pátria amada e mãe gentil", hoje, mais do que antes, meros eufemismos de inspiração romântica que, ao sairem da virtualidade poética, não se sustentam na imanência social. Contudo, a coragem, a denúncia e a mudança não se iniciam do "teto" para o "alicerce". Assim, é a nível pessoal, em primeiro lugar, que deverão ocorrer as mudanças e daí partir para a revolução paradigmática, onde não haverá espaços para a abundância de pobreza social, intelectual e espiritual. Nesse dia, "big brothers" da vida serão considerados estrupros à inteligência, corruptos de toda sorte, enganadores políticos e religiosos serão considerados assassinos do espírito, da fraternidade e da felicidade. Teremos, então o terreno preparado para se pensar e quiçá praticar o que poderia ser chamado de "amor".

terça-feira, 10 de março de 2009

De livros e sua falta de leitura

Ivan Lessa
Colunista da BBC Brasil
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"Era uma manhã clara e fria de abril e os relógios soavam 13 horas".
Soavam, e não marcavam.
Alguém na distinta platéia reconhece este início de romance tido como um clássico moderno? Alguém no Reino Unido? Não. Pouquíssima gente.
Trata-se da primeira frase do romance 1984, de George Orwell. Isso. Aquele do "Big Brother". Todo mundo fala do livro, quase ninguém leu. Basta pensar nessa tolice inominável televisiva que varre o mundo: a casa do Big Brother.
Quem bolou foi um holandês. Dada a nacionalidade, daria para entender a falta de intimidade com o livro. O Big Brother de Orwell, afinal, é o representante de uma sociedade totalitária onde todos os cidadãos são observados 24 horas por dia. Para conferir que não estejam fazendo besteira. Caso estejam, prisão e tortura, para eles. Tortura ainda que psicológica. Pura "ditabranda", como está sendo dito por aí. Hoje em dia, Big Brother é adotado em "n" países e passou a ser conhecido por suas iniciais: BB5, BB9 e assim por diante.
Não era bem o que Orwell tinha em mente.
Quinta-feira, 5 de março, comemorou-se aqui no Reino Unido o que chamaram de "Dia Mundial do Livro". Os relógios também soaram 13 horas. Uma pesquisa foi encomendada com o objetivo de se saber quem lê e quanto lê. Mas lê mesmo. Afinal de contas, os britânicos, com seus mais de 200 mil títulos novos de livros publicados todos os anos, são tidos como um dos povos que mais lê no mundo. Duro acompanhar esse montão.
O questionário deixou claro que tem gente mentindo para valer. O que é um fenômeno mundial. Vamos dar uma espiada no que foi encontrado.
Perguntados se já haviam se gabado de terem lido um livro quando na verdade não tinham, 65% disseram que sim, que mentiram. Ao menos, com o anonimato garantido de uma pesquisa, não enganaram. 42% admitiram que, apesar de nunca terem sequer aberto o 1984 de Orwell, faltaram com a verdade com o intuito de impressionar alguém.
Na lista das inverdades literárias, segue-se o Guerra e Paz, de Leão Tolstói, com 31% na escala de mendacidade.
33% juraram de pés juntos que nunca passaram perto de uma falsidade livresca: leram tudo que disseram que leram.
Outros livros que se prestaram a uma enganação literária: Madame Bovary, de Flaubert. Os ímpios bateram ponto e bateram feio: a Bíblia não foi lida. Folheada, com boa vontade. Dom Quixote, lá fez sua triste figura. Os chamados populares Thomas Hardy, Dickens e Anthony Trollope? Hum. Sérias dúvidas no ar.
Deixando as hipocrisias para lá: o pessoal lê mesmo são os livros de Harry Potter e do John Grisham. Mais Sophie Kinsella e Jilly Cooper. A primeira, nunca ouvi falar. A segunda, conheço de vista. 99% de mim mesmo não está faltando com a verdade.
Façamos a ponte aérea e partamos para o Brasil, sempre uma viagem agradável. Mesmo tendo apenas umas 3000 livrarias em todo o país, menos do que em Lisboa, com suas 4000, incluindo os alfarrabistas (é sebo, gente), nós não lemos nada. Paulo Coelho, talvez. Jorge Amado, capaz, bem capaz. Os Sertões? Machado de Assis? Graciliano Ramos? Clarice Lispector? Tenho sérias dúvidas. Uns poucos são capazes de citar algumas linhas - sempre as mesmas - de Carlos Drummond e outras de Vinícius, principalmente se tiveram sido musicadas. Paremos por aqui.
Desconfio até mesmo da leitura de Paulo Coelho, que é mais lido na França, na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos e nos Emirados Árabes. Nossos quase que 200 milhões de leitores em potencial? Sei não, sei não.
É conhecida a história de que Euclides da Cunha escreveu Os Sertões, e foi logo, tal como hoje em dia, chamado de "gênio da raça". Um ano após sua publicação, se esquecera de que era seu autor. Perguntado se lera Os Sertões, Euclides invariavelmente respondia, "Quê, Quem?".

sábado, 3 de janeiro de 2009

Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa

HTSR
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Parece-me, neste imbróglio, que o principal argumento contrário à pretensa unificação linguística é aquele que "denuncia" supostas motivações geopolíticas e econômicas brasileiras. É sofrível ver que se empenhem esforços, utilizando-se a própria língua, com o objetivo de se evocar um componente nacionalista, com o auxílio de uma "muleta emocionalista" frente ao que é fa(c)to. Que grande filão econômico deve representar, por exemplo, um "c" mudo / meio mudo ou pronunciado? Se a questão é geopolítica e econômica não vai ser a unificação da língua que afetará o interesse daquele que tem condições de se sobrepor (nesse aspecto). O que se farão valer, na alegada contextura, serão elementos próprios à mesma, ou seja, o poder político e a força do capital, de nada valendo todo um discurso à margem da razão. Humildade e realismo, nesse sentido, apresentou o premiado escritor angolano José Eduardo Agualusa, ao manifestar sua certeza em que os maiores beneficiados pelo acordo ortográfico serão justamente os países africanos de língua portuguesa. “Neste momento, em Angola, o que acontece é que no mesmo território existem livros com duas grafias, do Brasil e de Portugal. Portanto, temos, na prática, duas ortografias vigentes. Ainda por cima em um país cujo grande desafio é a alfabetização das populações"(1). A unificação ortográfica engrandece o idioma como um todo. "Esperneamentos", com alardes ufanistas e saudosistas, não impediram a BBC de anunciar a modificação de sua página na Internet, a partir de fevereiro, em consonância com o novo acordo ortográfico, já implementado pelo Brasil a partir de 01 de janeiro de 2009. Ainda que pipoquem aqui e acolá questiúnculas, próprias de humanos egocêntricos, quer envolvendo idiomas, religião, etnias, etc., o mundo é cada vez mais pragmático.