Crítica Libertária

Sobre críticos e libertários, ler abaixo... Aqueles serão os significados dessas palavras neste espaço de discussão, cooperação e diversão... (por quê, não?)

Crítico

O crítico não é um operador, mas um revisor. E é este o domínio que interessa ao indivíduo, quer seja ou não estudioso ou filósofo, que opte por uma postura crítica. Defendo que a crítica não deve limitar-se às produções estéticas humanas porém, mais do que à generalidade do agir, aplicar-se à própria "percepção" de "mundo", organizada a partir da "leitura" racional.

Libertário

Libertário, segundo definições de dicionário, pode ser compreendido como aquele que se inspira em doutrinas preconizadoras da liberdade "absoluta". Liberais, valorizam, acima de tudo, a liberdade. Isso inclui suas conseqüências para o "bem" ou para o "mal". Bem e mal são conceitos controversos, entretanto suponhamos que o cerceamento de liberdade - tido como um bem - pelos liberais seja um mal. Disso conclui-se que minha liberdade não pode atentar contra a liberdade de outro; portanto, não existe liberdade absoluta. Por outro lado, quanto mais houver liberdade, mais se acentuarão as diferenças. Já os libertinos dos séculos XVI e XVII caracterizaram-se pela liberdade de pensar, tratando das questões humanas sem se curvar a dogmas religiosos ou preceitos morais. Libertário, aqui, significará, particularmente, aquele que defende a liberdade -amíude, a de crítica - que impossível de ser absoluta - ad infinitum - que o seja enquanto dure...

Quem sou eu

Uma entidade difícil de definir pelo formalismo lingüístico. Entretanto, enquanto sujeito, defendo a liberdade de crítica e pratico a crítica da liberdade. Conseqüência: caminhar sobre o "fio da navalha" buscando o equilíbrio entre a transgressão e a disciplina, entre o rigor e a suavidade; tendo como "sol", a iluminar-me e a apontar-me o horizonte, a emancipação conferida pela reflexão ética e como forma primeira de expressão: a poesia.

Uma tarde em L. da Conceição...

Uma tarde em L. da Conceição...

Contato

tellessr.2016@gmail.com

AFORISMOS

"A verdadeira máxima do homem-massa é esta: sei que sou um verme, mas todo mundo é..." (Émile Zola)

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" (Antoine de Saint-Exupéry ).

"Vivemos, num lusco-fusco da consciência, nunca certos com o que somos ou com o que nos supomos ser" (Fernando Pessoa).

DESTAQUE

Navegar é Preciso Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpoe a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

(Fernando Pessoa)

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ACERCA DO FANATISMO POLÍTICO

O ESCÂNDALO LULA E OUTROS ESCÂNDALOS
- ou do messianismo místico ao messianismo político -

Uma coisa é demonstrar a um homem que ele está errado, outra é coloca-lo de posse da verdade.
(John Locke)
HTSR
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Ultimamente a "batalha de mídia", que envolve a campanha eleitoral, acabou por estender sua influência às chamadas "redes sociais" (como "orkut", "twitter), blogs e e.mails. A defesa apaixonada de posições fez com que a discussão política “esquentasse” de forma interessante. O que quero dizer com interessante? Algo que possa prender a atenção, despertar curiosidade ou enriquecer o conhecimento. Com relação a este último aspecto, a condição “sine qua non” de sua ocorrência deve-se a colocações bem fundamentadas e isentas do passionalismo, tão comum aos habitantes das paragens tupiniquins. Reza um certo dito popular que “religião, futebol e política não se discutem”. Em termos, evidentemente. Analisar e tecer opiniões sobre a crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais, praticadas por diferentes grupos humanos, em distintos contextos culturais, é uma coisa, outra é defender, intransigente e exaltadamente, esta ou aquela crença como correta ou superior em detrimento das demais. O mesmo se dá com a discussão do futebol enquanto esporte e o comportamento muitas vezes irracional exibido pelos fãs. Religião, futebol e política podem, contudo, gerar “estrelas” muito populares que apesar de formadoras de opinião não são necessariamente líderes “strictu sensu”.
A questão, portanto, não é de convencibilidade, mas de pragmaticidade. Na tentativa de se fazer valer a primeira opção, nos transformamos em "dubles" de pastores ou pregadores e feirantes instaurando, assim, o imbróglio regado à adrenalina. Surgem, então, as criaturas que arrancam seus cabelos e matam ou morrem por seus times, religiões e pensamentos políticos ou, mais precisamente, ideologias que são um conjunto articulado de idéias, valores, opiniões, crenças, etc., que expressam e reforçam as relações que conferem unidade a determinado grupo social (classe, partido político, seita religiosa, etc.) seja qual for o grau de consciência que disso tenham seus portadores. Nesse momento, quando o porta-voz de uma determinada ideologia se torna - por quaisquer que sejam os motivos - extremamente popular, seus pensamentos se tornam demagógica (entendido como o conjunto de processos políticos hábeis tendentes a captar e utilizar, com objetivos menos lícitos, a excitação e as paixões populares) e dogmaticamente (entendido como a defesa de pontos ditos fundamentais e indiscutíveis duma doutrina religiosa, e, por extensão, de qualquer doutrina ou sistema) organizados como um instrumento de “luta política”.
Paralelamente, em termos religiosos, temos o messianismo que, em termos estritos, pode ser definido como a crença na vinda - ou no retorno - de um enviado divino libertador, um “messias”, com poderes e atribuições que os aplicará ao cumprimento da causa de um povo ou um grupo oprimido. Há, entretanto, um uso mais amplo do termo para caracterizar movimentos ou atitudes movidas por um sentimento de "eleição" ou "chamado" para o cumprimento de uma tarefa "sagrada". Neste sentido, pode ser enquadrado o fenômeno político ocorrido no Brasil, em torno da popularidade de Luis Inácio Lula da Silva. O movimento batizado de “lulismo” difere de outros movimentos ocorridos em torno de líderes políticos, os quais se formaram com base no culto a personalidade do líder em questão, como o peronismo, na Argentina, ou do nazismo, na Alemanha, cuja doutrina ao ser sistematizada por Adolf Hitler poderia ser renomeada por “hitlerismo”. Nesses casos as forças políticas e populares se uniram, ao menos inicialmente, em torno de um pensamento político personificado em um líder. Não raro, tais movimentos se metamorfosearam em ditaduras. À esquerda, temos outros exemplos com Fidel Castro e Hugo Chávez.
O “lulismo”, contudo, não é um culto à personalidade de Lula e nem mesmo representa um pensamento político. Trata-se de um complexo movimento de várias forças políticas antagônicas e heterogêneas, capaz de reunir desde antigos apoiadores do regime militar (1964-1985), como o Senador José Sarney, até ex-guerrilheiros que lutaram contra o mesmo regime, como a ministra Dilma Roussef. Por corruptela do termo dá-se a esse peculiar processo, em direção ao centro do poder, o nome de “lulismo” porque sua força de atração advém da popularidade de Lula. Assim, conforme se avalia em círculos acadêmicos, não se trata de um conceito, nem mesmo um movimento político. O “lulismo” pode ser compreendido como nada mais do que uma tentativa de modelo gerencial do Estado e da governabilidade política. E aqui se faz muito útil o histórico apontando o rol de alianças e conchavos que constituem-se nas “engrenagens” da engenharia política em questão. Tal “engenharia” não estabelece, necessariamente, um projeto de desenvolvimento ou projeto estratégico de país. Como protótipo gerencial, o “lulismo” não se limita à figura política que lhe empresta o nome. Lula é menor que o “lulismo” e o compõe, mas não o determina. O “lulismo” também é Sarney, Collor, Arruda e, claro, Dilma. Por conseguinte, é inadmissível pensar que o sucesso do governo deva-se estritamente a ele, Lula, ou ao PT. Como base de suas ações os atores políticos, conhecidos como “petistas”, ou assim denominados, tiveram a estabilidade econômica proporcionada pelo Plano Real e como qualquer um sabe sua paternidade (ou maternidade – tanto faz) não é atribuída ao PT.
Falando em PT, o mesmo nasceu como resultado de um casamento confuso composto por dirigentes sindicais, intelectuais de esquerda e católicos ligados à Teologia da Libertação. Coube ao General do Couto e Silva apadrinhar este nascimento. Este vislumbrou em Lula a pessoa ideal para concretizar o seu projeto de dividir as esquerdas, principalmente o “brizolismo”, outro movimento carismático que precedeu ao “lulismo”.
Como lembrou um colega meu, “ainda criança, o PT odiava o capitalismo e o poder, mas, adorava denunciar os erros da elite brasileira e combater ferozmente todos (grifo meu) os governos”. De fato, acordos, coalizões e alianças não estavam em sua agenda. O PT foi fundado com um viés socialista democrático. Originalmente, o partido buscava fazer política exclusivamente na esfera sindical. Contudo, para obter suas primeiras vitórias e, assim, eleger seus primeiros vereadores, deputados e prefeitos, teve que ceder a alianças com outros partidos e conluios com empresários, empreiteiras e banqueiros, como todos os demais que almejam o "satatus quo" relativo ao "poder". Se o capital não provém das esferas tradicionais do capitalismo o financiamento da “prática ideológica” advém do narcotráfico, contrabando, falsificações, etc. Que o digam o Taliban, a “nova” China e os movimentos “libertários” latino-americanos.
Com a eleição de Lula presidente, o PT sacrificou, se não todos, boa parte de seus princípios, incluindo alguns “companheiros” inconvenientes, como Heloísa Helena Lima de Moraes Carvalho. Filiada ao PT, foi eleita senadora em 1998. Formou um grupo dissidente de esquerda às ações de Lula, junto a outros parlamentares desta legenda (como os deputados Babá e Luciana Genro) que por não concordarem com as decisões ditas "neoliberais" do setor econômico do partido, passaram a votar contra as determinações do mesmo. Expulsos do PT fundaram um novo partido. Tendo lutado veementemente contra a decisão do PT, a senadora declarou: "Eu não vou ficar chorando abraçada à bandeira do partido a que eu dediquei os melhores anos de minha vida para construir e que hoje comodamente me expulsa". Divergência de opinião supõe-se estar contida no conjunto de ideais defendidos sob a “bandeira” da democracia. O PT, que se alega democrático, facilmente se colocou no lugar comum dos movimentos fundamentalistas, cuja característica que mais “salta aos olhos” é a intransigência. Dessa postura resultou a perda de intelectuais fundadores do partido, como: Leandro Konder, Francisco Oliveira, Carlos Nelson Coutinho e Plínio de Arruda Sampaio (não confundir o Arruda, ex-governador do DF e amigo de Lula) que, desiludidos, deixaram o partido. Da esquerda autêntica, também abandonaram, além de Heloisa Helena e Luciana Genro, Marina Silva e Chico Alencar. Da Igreja, capitularam todos ligados ao Chico Alencar, Frei Betto e Flávio Arns. Lula e o PT também perderam o apoio do PCB. Este partido, antes da crise de corrupção, rompeu com Lula, pois, segundo resolução de seu congresso, o “modus operandis” do governo “petista” se caracteriza pela continuação da política neoliberal. A “revolução socialista” ainda está na ordem do dia para o PCB, embora o partido prime pela clareza política e combate ao oportunismo de esquerda e de direita. Aos outros partidários do PT e de outras siglas, alguns proeminentes sindicalistas, coube herdar o manto da falta de ética, de moral e de vergonha, características predominantes dos currículos de Sarney, Renan e Jucá, sendo agraciados com polpudos salários, através de ministérios, diretorias e conselhos de grandes estatais, todos próximos de Lula.
Todos esses fatos, o PT e seus entusiastas fingem desconhecer. Questionados não entram em detalhes. Não têm defesa para as acusações. Seus líderes integrados a uma nova hegemonia corrupta dão às classes populares migalhas, como “bolsas família”e outras bolsas e pacotes “isso e aquilo”. Fazem a apologia dos tempos idos de oposição à ditadura e jogam a culpa em tudo que há de errado no grupo dominante “vencido” ou que não quis unir forças à este.
A tal da “bolsa família”, PBF, segundo informação oficial do governo, “foi criado para apoiar as famílias mais pobres e garantir a elas o direito à alimentação e o acesso à educação e à saúde”. O programa, ainda segundo o governo, “visa a inclusão social dessa faixa da população brasileira, por meio da transferência de renda e da garantia de acesso a serviços essenciais”. Em todo o Brasil, mais de 11 milhões de famílias são atendidas pelo PBF, como alardeia o governo. Segundo a ONG “Contas Abertas”, são 12,4 milhões. Conforme a organização, “considerando a média usual de quatro pessoas por família, isso equivale a 49,5 milhões de brasileiros atendidos, ou seja, 26% da população do país” (grifos meus) – número, que por si só, representa uma reserva significativa do eleitorado. E o custo disso? Segundo a mesma ONG: R$ 13,7 bilhões neste ano. Estes alertam: “o valor implica em um reajuste de 307% perante a cifra inicial de R$ 3,4 bilhões aplicados em 2003, quando o programa foi lançado”. Para o governo, os beneficiários aplicam os recursos recebidos “fundamentalmente” em alimentação, material escolar, remédios e vestuário infantil.
Como seria de se esperar, o Nordeste é a região com o maior número de “usuários” do programa. Lá, 6,2 milhões de famílias recebem o benefício, segundo a ONG já citada. O número representa a expressiva cifra de 50% das famílias que integram o programa, o que pode ajudar a explicar a enorme popularidade de Lula nessa região. Ainda, conforme “Contas Abertas”, “na região Centro Oeste se encontra o percentual mais baixo de famílias que pertencem ao programa. São apenas 676,5 mil. No Sudeste, 3,1 milhões de famílias recebem o benefício. No Sul pouco mais de 1,1 milhão de famílias são atendidas. Já no Norte, o número chega a quase 1,3 milhão de beneficiários”.
Os governantes brasileiros são exímios em oferecer à população acrítica e não politizada da “terra do pau-brasil” subterfúgios para esquivar-se ou de cumprir deveres previstos em lei ou de criar e implementar leis dignas como a que institui o “salário mínimo”. Se este fosse devidamente observado, não se necessitaria de “PBF’s” e similares como o barriga verde “PHC” (Programa Hora de Comer). Este é anterior ao “PBF”: foi criado em 1998, oriundo de uma ação conjunta da Secretaria de Saúde e Desenvolvimento Social – da Prefeitura de Florianópolis - e da Associação Florianopolitana de Voluntários (AFLOV), destinando-se a complementar a alimentação de crianças com baixo peso ou desnutrição que recebiam leite integral de outro programa (é uma miríade desses): Programa “Leite é Saúde”. No Brasil “político” é de se desconfiar sempre de criações, geralmente são adaptações ou cópias descaradas. Ao menos este último programa – o “PHC” têm uma aplicação mais rígida e menos pecuniária. O programa consiste em três etapas: consulta médica com avaliação clínica e nutricional, reunião educativa com os pais e/ou responsáveis e distribuição mensal de cesta nutricional a cada criança, feita pelas ULS (Unidades Locais de Saúde).
Se os “companheiros” do PT se limitassem a defesa intransigente da Constituição, não precisariam distribuir moedas. Saúde é dever do Estado. Educação, idem. E o ‘salário mínimo”?
Getúlio Vargas foi o responsável pela instituição do salário mínimo no Brasil. Sua instituição foi regulamentada pela lei nº 185 de janeiro de 1936 e pelo decreto-lei nº 399 de abril de 1938. O Decreto-Lei nº 2162 de 1o de maio de 1940 fixou os valores do salário mínimo, e foi nesse ano que ele passou a vigorar. A constituição do Brasil de 1988 estabelece no capítulo II (Direitos Sociais) artigo 6 o direito de todo trabalhador a um salário mínimo. A cláusula IV define o valor do salário como "capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social". Esta cláusula também garante reajustes periódicos a fim de preservar o poder aquisitivo do trabalhador. Tudo muito bonito no papel. Àqueles que alegarem que o PBF visa a atender os desempregados eu contraponho o “Seguro Desemprego”. Previsto na Constituição de 1946, o mesmo só foi criado em 1986 por José Sarney, através do Decreto 2.283 de 27 de fevereiro. Posteriormente o benefício passou a integrar o “Programa do Seguro-Desemprego”, PSD (mais um programa), instituído através da Lei n.º 7.998, de 11 janeiro de 1990, que também deliberou sobre a fonte de recursos, com a instituição do “Fundo de Amparo ao Trabalhador” - FAT.
Bem, parece que a nova classe hegemônica, agora de casaco vermelho e estrela no peito, esqueceu de tudo que já havia sido construído, utilizando expedientes populistas para melhor controlar a massa amorfa.
Lula e o PT passaram a borracha da conveniência nos fatos, na história e clamando para si a autenticidade de projetos “recauchutados”, ignora o próprio “T” de sua legenda. De Partido dos Trabalhadores passou a PP: “Partido Populista” ou seria melhor PO – “Partido dos Oportunistas”? Sim, porque a nova elite passou a controlar tudo e a todos pelos meios mais oportunamente espúrios. Lula migrou da esquerda inofensiva e da bebida de boteco ao “top line” do etilismo, com wiskies importados; do macacão de operário à grife Armani e mostra sua derradeira natureza (muito oposta a de um verdadeiro grande líder como Gandhi) ao apoiar seus amigos íntimos (segundo ele mesmo), ditadores como: Fidel, Chávez, Morales e Ahmadenejad, que têm por regra prender, torturar e matar seus opositores, não toleram a liberdade de pensamentos, fraudam eleições, apóiam grupos terroristas e massacram minorias como os adeptos da Fé Bahá’í, mulheres e homossexuais no Irã.
Lula, suas gafes e sua política externa equivocada envergonham a brasileiros dotados de senso crítico.
De fato Lula é um escândalo e como todo escândalo ganha as páginas da imprensa nacional e/ou internacional. Chávez também “brilha” na mídia. E esses tais não se envergonham de usa-la e abraçá-la, quando convém aos seus interesses, como foi o caso da simpática entrevista que Chávez concedeu à BBC. Para isso vale desde silenciar opositores e desapropriações em massa (no caso do venezuelano) a corromper o desacreditado Congresso Nacional com mensalões, os quais chegaram às inacreditáveis cifras de R$ 4.000.000.000, pagos por nós, contribuintes brasileiros.
Evidentemente que denunciar as maracutaias de Edir Macedo aos seus seguidores não vai surtir grande efeito. Do mesmo modo a quem vê Hitler como o extirpador do grande "mal da humanidade" - a saber: os judeus – não vamos conseguir convence-lo de sua monstruosidade. A palermice é tanta que, parece, o número de neonazistas é maior entre boa parte dos grupos que Hitler queria eliminar do que entre os possíveis “beneficiários” de sua loucura. Os seguidores de Bin Laden, idem, o vêem como um grande líder e num fundamentalismo de distorcida maquiavelidade acreditam que os fins justificam os meios. Será essa a ótica dos petistas e simpatizantes? Parece que sim, por isso o constante apelo à estatística, como se na história tupiniquim, em que pese todos os desmandos, tivéssemos, em algum momento, andado para trás. Quando Império não estávamos em situação pior do que quando Colônia. Quando República, a matemática mostrou o mesmo em relação ao período que a antecedeu. Idem, quando do Regime Militar e na primeira fase da “Democracia”. Logo, nada mais piegas do que apelar à estatística para falar à emoção dos mais incautos e os convencer.
Os crédulos se deixam persuadir por quaisquer argumentos. Baseados em uma boa construção sofista vai haver quem santifique a atriz pornô Eliza Silva Samudio como uma mulher diferente das demais que integram o meio (não que sua opção de “ganhar a vida” justifique o seu possível assassinato). Em algum tempo, alguém pode se inspirar a fazer um filme onde o caso da mesma com o goleiro do Flamengo seja uma história de amor não correspondido e não um envolvimento de ocasião. Aos fanáticos não existem argumentos que lhes devolvam à razão.
Voltando a Lula e seus prosélitos, este incentivou uma verdadeira “indústria de indenizações” às vítimas da ditadura que, mais do que perseguidos políticos, saídos de todos os cantos, apelaram ao expediente de alguns outros que, para se beneficiar da “quota de vagas” em universidades (exemplo de “ações afirmativas” que são medidas especiais e temporárias, tomadas ou determinadas pelo estado com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento, bem como de compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros. Caso dos descendentes de africanos no Brasil), se antes desdenhavam negros e descendentes agora se afirmam um dos seus, em grotesco descaramento. Assim, Lula, reserva benefícios somente para um lado, enquanto do outro, nenhum mutilado da guerrilha, órfãos, ou viúvas, sequer foram lembrados. Como disse Millôr, "eles não fizeram uma guerrilha, fizeram um investimento".
Uma esquerda hipócrita que permite indenizações milionárias aos grandes executivos enquanto os pobres morrem à mingua e à margem da justiça. Ainda é um país de dois pesos e duas medidas, apesar da "visão estrelada" dos reformistas vermelhos - já há dois mandatos no comando da nação.
Onde está a política ambiental desse país? Como anda a “Reforma Agrária”? Qual é – de fato – a política para o setor? Que dados comprovam o seu progresso? O que se obtém em pesquisas são dados vagos e imprecisos. De preciso temos uma série de manipulações e atos ilegais, como em março de 2009 quando o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes (cuja probidade também é contestada por alguns), criticou os repasses de recursos do orçamento que acabam beneficiando o MST, financiando assim as invasões (ou ocupações, como dizem seus integrantes) promovidas pelo movimento. Instalada a polêmica, o Tribunal de Contas da União comprovou que 7,3 milhões de reais do orçamento da educação destinado à ANCA (Associação Nacional de Cooperação Agrícola) em 2003 e 2004 foram distribuídos à secretarias regionais do MST em 23 estados. Os advogados da Associação seguem questionando essa decisão na justiça federal. No entanto em vista da CPMI instaurada em 2009 para investigar supostos repasses de recursos públicos a entidades que seriam ligadas ao MST, representantes do movimento social sugeriram a ampla investigação também de entidades ruralistas, como a OCB, CNA, SRB e os recursos públicos repassados a entidades como o SENAR e SESCOOP que tem sido utilizados para finalidades diversas da autorizada pelas leis nacionais (como se uma coisa justificasse outra). Esta é a política do mandatário deste país: jogar em dois times ao mesmo tempo, passar por cima de leis e investir na imagem que, diga-se de passagem, só pode ser promovida via mídia, que os entusiastas e advogados de ocasião do PT, tanto criticam. Ainda, em relação ao MST, a organização não tem registro legal por ser um movimento social e, portanto, não é obrigada a prestar contas a nenhum órgão de governo, como qualquer movimento social ou associação de moradores. Por isso o devido questionamento de boa parte da opinião pública brasileira de que se o MST é um movimento social e não tem personalidade jurídica, não poderia receber recursos públicos, sejam eles diretos ou indiretos, como se relatou acima.
O governo de Lula é este que, para se promover, através do MST, incentiva as invasões, os saqueamentos, a destruíção do bem público e privado e, até assassinatos. Já não bastam a destruição de 20 anos de pesquisas da Aracruz e dos 7 mil pés de laranjas da Cutrale? Segundo a própria “Pastoral da Terra”, o MST “fez 45% mais invasões durante os últimos quatro anos, no governo do aliado Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, do que no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB”.
Voltando ao PBF (“carro chefe” da política populista lulista), em discurso durante a cerimônia de formatura do Planseq (programa de qualificação dos beneficiários do Bolsa Família), em 2009, em Belo Horizonte, o comandante em exercício da nação tupiniquim classificou de “imbecil” e “ignorante” os críticos ao programa. “Ainda tem gente que critica o Bolsa Família. Eu acho normal. Eu atingi uma idade que eu não tenho mais o direito de me ofender com essas coisas. Alguns dizem assim: o Bolsa Família é uma esmola, é assistencialismo, é demagogia e vai por aí a fora. Tem gente tão imbecil, tão ignorante, que ainda fala ‘o Bolsa Família é para deixar as pessoas preguiçosas porque quem recebe não quer mais trabalhar’”, disse. Quem discorda do “mestre” iletrado, imbecil é, entenda-se.
Segundo estudos do próprio Ministério do Trabalho, nos oitenta e cinco municípios que mais recebem o Bolsa Família; só 1,3% da população tem emprego. Em Presidente Vargas (Maranhão, que de longe é o Estado que mais absorve o tal “benefício”), há empregos disponíveis no comércio e em outras áreas e a maioria da população está desempregada. O detalhe é que ninguém freqüenta os cursos de capacitação ou deseja deixar de ser beneficiário. A maioria das famílias está acomodada com o benefício, tendo medo de perdê-lo ao adicionar outra fonte ao rendimento familiar. Assim, não demonstram interesse em cursos de qualificação profissional. Segundo Ivete Pereira de Almeida, secretária de Assistência Social da prefeitura de Presidente Vargas, “as famílias estão acomodadas, e não tem sido fácil tirá-las da acomodação. Acreditam que podem se manter com cento e poucos reais”. O município tem 10 mil habitantes e 2.292 domicílios; 1.832 famílias (80%) recebem o auxílio do governo e só quatro pessoas têm emprego com carteira, segundo o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (CAGED), do Ministério do Trabalho.
Mas vá se criticar o PT ou Lula! Como disse Chico Buarque, em maio de 2006, durante entrevista para o lançamento de seu último disco: "Há no PT a idéia de que ou você é petista ou é calhorda, assim como o PSDB acha que você ou é tucano ou é burro".
Cada um vota conforme suas conveniências. O que ajudou Lula a se eleger na primeira vez era a esperança de milhões cansados de clientelismo, corrupção, demagogia, favoritismos e impunidades, tão comum aos governos anteriores. O que ajudou na reeleição de Lula não foi a minimização dessas questões. Em que pese escândalos em cima de escândalos no governo petista, Lula foi mantido no poder justamente pela manutenção ou mesmo ampliação do “modus operandis” relativo aos vícios e “truques” políticos anteriores. Tanto que se sentiu solidário a José Sarney (coincidentemente o “dono” do MA) e o descreveu como uma pessoa incomum, quando este era responsabilizado por graves improbidades no exercício do cargo. Em junho de 2009, na sua turnê pela Europa e pela Ásia Central, o presidente afirmou que Sarney tem história para que não seja tratado como "uma pessoa comum", demonstrou não acreditar nas denúncias recentes sobre as contratações secretas no Senado, criticou o "processo de denuncismo" e afirmou que não sabe "a quem interessa enfraquecer o Poder Legislativo". Assim Lula não foi reeleito por boa parte dos “intelectuais” universitários (que ele, Lula, veio depois a desdenhar) e sim pelo “Zé Povo”. Quem o reelegeu tinha outros interesses que não ideológicos ou éticos. Tinha o interesse simples em não passar fome. Eis aqui o sucesso do PBF.
O que me inspira a votar em alguém é seu comprometimento com a ética. Tudo mais, dela decorre. Sem ética, todo discurso ideológico, religioso ou acadêmico é vazio, assim como todo programa de administração pública é uma piada de mal gosto.
Se o PT, Lula e afins acusam a mídia de conspiração contra o “messiânico político” - manipulando dados - as “provas” de sucesso - apresentadas pelo Governo – são, parcialmente, irrelevantes, pois consultas a sites oficiais se fazem tendenciosas e a elevação de certos indicadores de desenvolvimento são fruto da continuidade de projetos anteriores e não constituintes do país que “nasceu” em 2002, país este o Brasil, como – absurdamente – declarou Lula.
Um pouco de conhecimento em história, política (enquanto ciência), economia e filosofia ajudam a controlar descargas hormonais que sequer ficam bem em campos de futebol ou shows de “pop stars”. O emocionalismo e dogmatismo levam ao fundamentalismo, fenômeno tão em voga hodierna e mundialmente. Nesse estágio, como já foi dito, não se aceitam posicionamentos divergentes e se fazem valer de todos os meios para calar a oposição ou mesmo a crítica, quer por distorção, por difamação, cerceamento da liberdade ou mesmo assassínio (que o digam Ahmadinejad, Castro e assemelhados). É lugar comum na fala dos extremistas de esquerda nominar qualquer crítica ou oposição que lhe façam como discurso ou atitude burguesa ou reacionária. Na direita o “mantra” evoca palavras como “agitadores”, “subversivos” e outras.
O que mais importa disso tudo é que devemos nos instruir e votar com autonomia, obtida com o devido esclarecimento que advém do conhecimento e não por filiação apaixonada à uma “torcida”. Quando votamos não estamos elegendo uma “miss” ou o mais “pop”. Um político antes de mais nada é (ou deveria ser) um profissional, um cidadão a serviço de uma nação. Um time de futebol não se faz por si, mas pela equipe que o integra, por outro lado os jogadores não são feitos pelo time. Não basta eu entrar no Inter, Flamengo ou Avaí para me tornar um bom jogador. Em contrapartida o Inter, Flamengo ou Avaí não serão bons times apenas por seus nomes e sim por conta do desempenho de seus titulares. Portanto torcer pelo nome, pouco ou de nada adianta. Torcer por alguém sem talento ou competência, idem. Não é o PT, PSDB ou suas ideologias que formam políticos capazes. E, muito menos ainda, qualquer partido é formado por um ou outro candidato. Eles os compõem, mas não os determinam. As forças que comandam este país estão além do discurso de propaganda petista, do PSDB, PMDB, DEM, nazista, comunista, anarquista ou o que queiram e o Sr. Lula, mais do que ninguém, deve saber disso porque, em contrário, não teria defendido o Sr. Sarney como uma pessoa “especial” diferente dos demais mortais cidadãos que integram a nação, estando, por isso, acima da lei e, por outro lado, não “fabricaria” essa candidata que tem menos história e relevância política do que ele.
Os “dez falsos motivos” para não se votar em Dilma, como têm sido veiculados na internet, não são tão falsos assim. Passam (tais motivos) de simpatia (irrelevante) a conchavos, terrorismo, liberdade de imprensa a enaltecimento de certos pontos do conjunto de ideais que definem a democracia em detrimento de outros, com uma argumentação fraca e tendenciosa.
O parágrafo com que se encerra o artigo “O Escândalo Lula”, além de incluir seu autor no âmbito do “lulismo”, quando afirma que “Lula é o melhor fenômeno para entender o que é o Brasil hoje, em todas as posições da estrutura social, em todas as dimensões da nossa história”, é claramente intimidador, quando destaca: “diga-me o que você acha do Lula e eu te direi quem és”.
Talvez, por tudo que escrevi, eu seja um calhorda ou um dos imbecis a quem Lula se referiu. Mas ele não é “doutor” (como gosta de se gabar), não é formado em psicologia, pedagogia, ou o que seja, para ter autoridade em emitir diagnósticos acerca desse assunto.
Eu, pessoalmente, não vou votar em quem o Lula, o Papa, o Mané do Ribeirão ou quem quer que seja me “mande”. Vou exercer meu direito inalienável de autonomia, protegido pela confidencialidade do voto, assegurada em lei.
Em tempo: não votar ou anular o voto, também é uma opção política – por mais criticável ou polêmica que seja.
Que se saiba que a despeito da “campanha” que surgiu na “internet” (a partir de 2000) organizada por diversos sites, comunidades (como o “Orkut”) e e.mails, que interpretava e pregava o voto nulo – como forma de evitar que nenhum dos concorrentes fossem eleitos, caso o número de votos nulos superassem os 50% do total, implicando em uma nova eleição, sem que nenhum dos "rejeitados" pudesse concorrer novamente - foi considerada equivocada, e em desacordo com a lei eleitoral brasileira (Lei nº 4.737/art. 224 do Código Eleitoral Brasileiro e Acórdão nº 13.185/92 do TSE).
Por fim, a grande utilidade desta discussão é exercitar o raciocínio e praticar a autocrítica, ingredientes fundamentais para que percebamos, com clareza, tanto a nossa posição em nossa sociedade como no mundo e aprendamos a reivindicar e nos fazer respeitar.

Os políticos e as fraldas devem ser trocados freqüentemente e pela mesma razão.
(Eça de Queiroz)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

ACERCA DA REPRODUÇÃO HUMANA - I

Pelo direito de não ter filhos
HTSR
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Comentando a reportagem que segue abaixo, não deixo de me admirar como o estigma reprodutivo é tão forte entre os humanos, que se dizem menos animais que os demais viventes não vegetais. Os argumentos que usam em prol da procriação são os mais estapafúrdios. Não raro, de conotação egocêntrica, com apelos - precisamente - à animalidade (instintos) ou a religiosidade - mera questão de crença no universo aético do misticismo (onde considera-se a existência e ação de supostas forças espirituais ocultas no cosmo, se manifestando por vias outras que não as da experiência comum ou as da razão). A "corda", como sempre, "arrebenta" no lado mais "fraco": as mulheres. Ter filhos não é uma mera questão de concepção, gestação e parto. Ter filhos exige condições psiquícas, intelectuais, sociais e financeiras para criá-los em uma sociedade que, também, arca com os onus deste ato. Nem todos em uma sociedade estão dispostos a responder com os custos dos filhos dos outros e nem toda sociedade necessita de novos membros. Se necessitar, ninguém deve ser obrigado a reproduzir, pois mais que uma imiscuição na gestão do corpo alheio é uma ingerência na vida privada. As pessoas causam muito mais incômodos às outras pelo fato de terem filhos do que pela decisão de não os terem. Pode ser que um dia vivamos em uma sociedade, aos moldes da prevista por Aldous Huxley, em seu "Admirável Mundo Novo", e esta produza seus cidadãos em encubadeiras industriais, conforme exija a demanda. Contudo, enquanto esse dia apocalíptico não chega, respeitemos aqueles que não desejam seguir com a "boiada" . Os humanos não estão em risco de extinção por falta de indivíduos. Muito pelo contrário, a superpopulação humana está levando à extinção outras espécies, além de prejudicar a si mesma e ameaçar ao planeta como um todo.
A seguir, a matéria publicada no site da BBC.

Mulheres que optam por não ter filhos são alvo de pressão social

Embora seja uma opção cada vez mais comum entre mulheres de países desenvolvidos, muitas britânicas que, por vontade própria, descartam ter filhos, são alvo de uma grande pressão por parte de parentes, amigos, colegas de trabalho e até mesmo estranhos.

Segundo a socióloga Catherine Hakim, da London School of Economics, na Grã-Bretanha, esta pressão às vezes pode ser tamanha que faz com que algumas mulheres acabem por não admitir publicamente a opção por não ter filhos.
“Um estudo feito no Canadá há alguns anos aponta que cerca de metade das mulheres que não têm filhos aos 40 anos na verdade optaram por isso quando eram mais novas”, diz.
“Mas muitas delas não declaram isso devido à pressão social que iriam sofrer ao mencionarem a preferência por não ter filhos”.
De acordo com Hakim, este é um fenômeno relativamente novo, que surgiu com o desenvolvimento das pílulas anticoncepcionais.
“A revolução contraceptiva mudou totalmente as perspectivas (das mulheres). Ter filhos deixou de ser inevitável para todas que se casassem ou fizessem sexo para se tornar algo passível de escolha.”

‘Chocada’

Esta escolha, porém, nem sempre é compreendida, como mostra o caso da britânica Jenny Woolfson, de 25 anos.
“Uma colega de trabalho ficou chocada quando eu disse que não queria filhos. Ela afirmou: ‘você é uma mulher, nasceu com um útero. Deus nos deu o útero para procriarmos’”, contou Woolfson ao programa de rádio da BBC Woman´s Hour.
Julia Wallace, madrasta de três crianças que não vivem em sua casa, enfrenta problema parecido.
“Dizem que eu não sei o que estou perdendo e que só saberei que quero um filho depois de ter um”, conta.
“Mas, se você não tem motivação para ter um bebê, por que tê-lo? Eu não escolheria ser enfermeira com base na aposta de que adoraria a carreira quando começasse”, afirma ela.
Nem todas, porém, são tão convictas quanto à ideia de deixar a maternidade de lado.
É o caso de Beth Folina, especializada em orientar mulheres aflitas com a indecisão sobre o planejamento de uma gravidez.
Ela mesma já enfrentou o dilema. Folina conta que, até os 30 anos, não queria filhos – opção que havia sido informada a seu parceiro.
“Até que surgiu o desejo de me tornar mãe. Passei uns dois anos lutando contra a ideia, mas, no fim, resolvi que queria mesmo um bebê. Mas sei que, se não fosse mãe, teria uma vida bem diferente, mas igualmente gratificante.”
Ela conta que muitas de suas clientes não querem mesmo filhos, mas, apesar da convicção, sofrem com a pressão de familiares e amigos.
“Eles dizem: ‘Você não sabe o que está perdendo, você daria uma ótima mãe’. Há também os pais que pedem netos”, diz.
“Muitas pessoas partem do princípio de que, se você for solteira e sem filhos, é porque ainda não encontrou o homem certo. Logo que entra em uma relação estável, querem saber qual é o próximo passo”, continua Folina.
Em outros casos, se o bebê não chegar depois da troca de alianças, muitos apostam na infertilidade do casal.
É o que ocorre com Lisa Davies, 38. “Eu fico chateada pelo fato de olharem para mim e falarem comigo como se eu tivesse algo de errado”, diz.

Tias

A falta de filhos não significa, necessariamente, distância das crianças.
“Como mães e pais têm trabalhado muito, são sempre bem-vindas as tias dispostas a passar tempo com os sobrinhos”, diz a americana Melanie Notkin, fundadora do site Savvy Auntie (‘titia experiente’, em tradução livre), que traz dicas para tias interessadas na companhia dos sobrinhos.
Ela defende a criação de um dia para homenagear as mulheres que, sem filhos, fazem o papel de tias e madrinhas dedicadas e carinhosas.
“Seria uma chance para que elas se sentissem plenas por tudo o que fazem em vez de se concentrarem no que não têm – os filhos”, diz Notkin.