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No seio da tradição filosófica, a razão, na maior parte das vezes, ocupou uma posição predominante, no trato aos questionamentos pertinentes a este meio. Ora, o apoio inconteste na razão acaba por refletir um estado de crença. Desse modo, a “fé” na razão passa a constituir a própria essência de todo o empreendimento filosófico e, a mesma fé, dentro da tradição, implica, em nossa rotina cognitiva, na firme convicção de que as nossas faculdades racionais nada mais são do que uma “imagem refletida”, com maior ou menor precisão, de uma inteligência maior – quer seja, por exemplo, a do “arquiteto universal” de Kant ou proveniente do “Mundo das Idéias” de Platão – relembrada por Schopenhauer - que exercendo sua influência sobre o “mundo” orienta as coisas, que nele estão, segundo o fim pré-determinado por ela.Essa concepção, defendendo, para o homem, a condição de um ser racional dotado de capacidade para conhecer o “ser racional do mundo”, é, de modo mais ou menos evidente, a “viga mestra” do “edifício filosófico” da maioria dos grandes filósofos, de Platão a Thomas de Aquino, de Descartes a Leibniz, Spinoza, Kant e Hegel, entre outros. Embora Kant pretendesse, com o seu conjunto de Críticas, desestabilizar esse posicionamento dogmático, não parece ter sido tão bem sucedido na empreitada. Ao menos é isso o que pensa Schopenhauer.Por isso, a “vontade” de Kant – um racionalista - não é uma “vontade” humana - tão belamente explorada por Schopenhauer, um não racionalista[1] - afastando os indivíduos daquilo que lhes é mais caro; já defendido por Aristóteles ao afirmar que: “toda arte e investigação, e igualmente toda ação e todo propósito, tem em mira um bem qualquer; por isso o bem tem sido corretamente definido como aquilo para que todas as coisas tendem"[2], ainda que, não necessariamente, conforme um plano concebido por outra inteligência que não a humana.Para Schopenhauer, Kant partindo de uma cisão entre a razão e a vida, entendimento e intuição sensível, só poderia falar da liberdade humana no campo restrito de abstrações que não correspondem à vida de ninguém. Quem é o sujeito do imperativo categórico? Quem é o sujeito de juízos estéticos assim tão puros? A conseqüência do abstracionismo kantiano, conforme a convicção schopenhauriana, é a inviabilização das experiências em que o homem haveria de se experimentar emancipado. Me excederia, no âmbito deste comentário, se fosse inserir os aspectos morais da filosofia de Schopenhauer – embora o quisesse fazer. Limitarei-me a citar sua teoria estética. Para Schopenhauer, enquanto sobre a experiência estética pesar o abstracionismo kantiano, não poderemos compreender como ela haveria de nos conduzir à emancipação.
No seio da tradição filosófica, a razão, na maior parte das vezes, ocupou uma posição predominante, no trato aos questionamentos pertinentes a este meio. Ora, o apoio inconteste na razão acaba por refletir um estado de crença. Desse modo, a “fé” na razão passa a constituir a própria essência de todo o empreendimento filosófico e, a mesma fé, dentro da tradição, implica, em nossa rotina cognitiva, na firme convicção de que as nossas faculdades racionais nada mais são do que uma “imagem refletida”, com maior ou menor precisão, de uma inteligência maior – quer seja, por exemplo, a do “arquiteto universal” de Kant ou proveniente do “Mundo das Idéias” de Platão – relembrada por Schopenhauer - que exercendo sua influência sobre o “mundo” orienta as coisas, que nele estão, segundo o fim pré-determinado por ela.Essa concepção, defendendo, para o homem, a condição de um ser racional dotado de capacidade para conhecer o “ser racional do mundo”, é, de modo mais ou menos evidente, a “viga mestra” do “edifício filosófico” da maioria dos grandes filósofos, de Platão a Thomas de Aquino, de Descartes a Leibniz, Spinoza, Kant e Hegel, entre outros. Embora Kant pretendesse, com o seu conjunto de Críticas, desestabilizar esse posicionamento dogmático, não parece ter sido tão bem sucedido na empreitada. Ao menos é isso o que pensa Schopenhauer.Por isso, a “vontade” de Kant – um racionalista - não é uma “vontade” humana - tão belamente explorada por Schopenhauer, um não racionalista[1] - afastando os indivíduos daquilo que lhes é mais caro; já defendido por Aristóteles ao afirmar que: “toda arte e investigação, e igualmente toda ação e todo propósito, tem em mira um bem qualquer; por isso o bem tem sido corretamente definido como aquilo para que todas as coisas tendem"[2], ainda que, não necessariamente, conforme um plano concebido por outra inteligência que não a humana.Para Schopenhauer, Kant partindo de uma cisão entre a razão e a vida, entendimento e intuição sensível, só poderia falar da liberdade humana no campo restrito de abstrações que não correspondem à vida de ninguém. Quem é o sujeito do imperativo categórico? Quem é o sujeito de juízos estéticos assim tão puros? A conseqüência do abstracionismo kantiano, conforme a convicção schopenhauriana, é a inviabilização das experiências em que o homem haveria de se experimentar emancipado. Me excederia, no âmbito deste comentário, se fosse inserir os aspectos morais da filosofia de Schopenhauer – embora o quisesse fazer. Limitarei-me a citar sua teoria estética. Para Schopenhauer, enquanto sobre a experiência estética pesar o abstracionismo kantiano, não poderemos compreender como ela haveria de nos conduzir à emancipação.
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