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Parece-me, neste imbróglio, que o principal argumento contrário à pretensa unificação linguística é aquele que "denuncia" supostas motivações geopolíticas e econômicas brasileiras. É sofrível ver que se empenhem esforços, utilizando-se a própria língua, com o objetivo de se evocar um componente nacionalista, com o auxílio de uma "muleta emocionalista" frente ao que é fa(c)to. Que grande filão econômico deve representar, por exemplo, um "c" mudo / meio mudo ou pronunciado? Se a questão é geopolítica e econômica não vai ser a unificação da língua que afetará o interesse daquele que tem condições de se sobrepor (nesse aspecto). O que se farão valer, na alegada contextura, serão elementos próprios à mesma, ou seja, o poder político e a força do capital, de nada valendo todo um discurso à margem da razão. Humildade e realismo, nesse sentido, apresentou o premiado escritor angolano José Eduardo Agualusa, ao manifestar sua certeza em que os maiores beneficiados pelo acordo ortográfico serão justamente os países africanos de língua portuguesa. “Neste momento, em Angola, o que acontece é que no mesmo território existem livros com duas grafias, do Brasil e de Portugal. Portanto, temos, na prática, duas ortografias vigentes. Ainda por cima em um país cujo grande desafio é a alfabetização das populações"(1). A unificação ortográfica engrandece o idioma como um todo. "Esperneamentos", com alardes ufanistas e saudosistas, não impediram a BBC de anunciar a modificação de sua página na Internet, a partir de fevereiro, em consonância com o novo acordo ortográfico, já implementado pelo Brasil a partir de 01 de janeiro de 2009. Ainda que pipoquem aqui e acolá questiúnculas, próprias de humanos egocêntricos, quer envolvendo idiomas, religião, etnias, etc., o mundo é cada vez mais pragmático.
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